Amigos, familiares, colegas, clientes e exercitantes em geral. Provavelmente todos vocês sabem o quanto amo, pratico, valorizo, incentivo, oriento e curto exercício físico e esportes em geral. Aprecio muito as iniciativas que estimulam a prática regular do exercício e, claro, isso inclui as pedaladas de rua e/ou estrada. Também é sabido como apoio integralmente todas as políticas, regras e orientações para um ciclismo seguro, coibindo a violência e o desrespeito dos motoristas e dos pedestres para com os ciclistas. Todavia, tive um grande dissabor essa manhã (21/4).
Após uma semana na altitude do Chile, fui correr uns 5km em um treino leve regenerativo na ÁREA DE LAZER (pista fechada ao trânsito de veículos e bicicletas com exceção de crianças até 8 anos de idade) da orla de Ipanema e Leblon, me vi literalmente cercado por um grupo de adultos ciclistas todo paramentados e com bikes de alguns milhares de dólares, que pedalavam algo entre 20 a 30 km/h em um local cheio de idosos e crianças. Um deles cruzou na minha frente e, se eu não tivesse parado, teria sido atropelado. Gritei para eles: “ciclovia”.
E logo a seguir, já vieram outras pessoas pedalando na mesma área de lazer. Quando reclamei e apontei a ciclovia, uma moça me respondeu: “se essa galera do ciclismo pode, eu também posso”. Para minha decepção ainda maior, alguns minutos após reiniciar a corrida passou outro grupo de ciclistas em condições similares e assim se seguiu, com o ápice ocorrendo quando repeti o bordão “ciclovia” para um louro de uns 30 anos pedalando sozinho em um bike top e ele me respondeu: “vai se foder e correr, velho brocha”.
Placa instalada na Avenida Viera Souto, em Ipanema. Outras como essa estão espalhadas pela orla carioca
Não sei se esse adulto jovem e debiloide urbano (afinal eu estava correndo em uma das áreas de maior renda per capita e nível econômico do país) seria capaz de me acompanhar em uma meia maratona, mas isso é o que menos importa. O fato é que tive de interromper minha corrida por questões de segurança. Não que eu estivesse com medo dos bandidos, mas sim de alguns pseudociclistas. Entendo que isso é completamente inaceitável e obviamente não reflete o pensamento e a atitude da quase totalidade dos exercitantes sérios (incluindo os ciclistas). Eles são normalmente pessoas do bem e que valorizam o respeito ao próximo, as regras e leis e ao meio ambiente.
Peço a todos que lerem esse post para que repliquem entre seus pares e contatos. Vamos juntos trabalhar para que o exercício seja seguro e correto. Afinal, será que os problemas de conduta do Brasil estão só nos políticos?
Dr. Claudio Gil Araújo, professor visitante sênior de Cardiologia – Instituto do Coração Edson Saad – UFRJ/CLINIMEX – Clínica de Medicina do Exercício
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”