Corrida vencida pela queniana Jemina Sumgong lotou as ruas do Centro e da Zona Sul do Rio
Visitantes e moradores do Rio trocaram a praia por outro programa gratuito neste domingo (14). Eles lotaram o Centro e parte da Zona Sul da cidade para prestigiar a maratona feminina, vencida pela queniana Jemina Sumgong, em 2h24m04s. Só pagou para assistir à prova quem optou por ver a largada e a chegada, ambas no Sambódromo. Para muitos outros, que assistiram a tudo da rua, esta foi a única oportunidade de participar do Rio 2016.
Lucimar dos Santos: “Não podia perder a corrida por nada” (Saulo Pereira Guimaraẽs/Rio 2016)
Lucimar dos Santos faz parte desse grupo. A carioca do bairro do Estácio tem uma ligação especial com a maratona. Nos tempos de colégio, ela chegou a vencer algumas provas do tipo. Mesmo tendo parado de competir, Lucimar mantém viva a paixão pelo esporte. “Gostaria de ter ido em outras competições dos Jogos e não consegui. Mas não podia perder a corrida por nada”, destacou ela, que assistiu à prova ao lado da Igreja da Candelária, no Centro.
Carlos Roberto Roscoff: “Ainda vou à Marina da Glória ver a vela de graça” (Saulo Pereira Guimaraẽs/Rio 2016)
Morador de Chapecó, Santa Catarina, há 33 anos, o gaúcho Carlos Roberto Roscoff acompanhou a passagem das atletas pelo Aterro do Flamengo com a bandeira do time de sua cidade. “Embora o preço dos ingressos esteja acessível, é muito legal poder ver uma prova como essa de graça”, disse ele, que tinha planos Olímpicos para depois da corrida. “Quando acabar aqui, vou para a Marina da Glória ver a vela de graça na praia. Quero tentar pegar o remo na Lagoa também. Quem se programa consegue aproveitar os Jogos sem gastar muito dinheiro”, afirmou.
Lucas e Ana: “Vê-las no percurso é até mais legal do que na chegada” (Saulo Pereira Guimaraẽs/Rio 2016)
“Vê-las correndo durante o percurso é até mais legal do que presenciar a chegada”, garantiu Lucas Oliveira, de Guarantinguetá, São Paulo. No último dia de passeio pelo Rio, ele e a esposa Ana decidiram observar a passagem das maratonistas pelo Aterro. Depois de judô, voleibol e tênis de mesa, a prova de atletismo fechou com chave de ouro a visita do casal, iniciada na última quinta (11). “Além de espectadores, também somos praticantes. Já corremos duas vezes aqui no Rio e estamos inscritos em outras duas maratonas que ainda vão acontecer”, contou Oliveira.
40 garrafinhas
A corrida começou às 9h30 da manhã no sambódromo, no Centro do Rio. Em vários trechos do percurso, os espectadores gritavam palavras de apoio para as corredoras, que passaram por pontos como avenida Rio Branco, enseada de Botafogo e Praça Mauá. Durante a prova, era comum também ver técnicos acompanhando suas atletas do lado de fora das grades. O calor exigiu água em abundância. Só em uma mesa posicionada na altura do número 15 da rua Primeiro de Março, era possível contar cerca de 40 garrafinhas à disposição das atletas.
A campeã Sumgong no meio de um pelotão durante a maratona olímpica (Foto: Rio 2016/Alex Ferro)A vitória de Jemina foi, literalmente, suada. A temperatura acima dos 25 graus não foi capaz de impedir que a queniana conquistasse a primeira medalha de ouro de seu país. “Vencer foi como um sonho para mim. Foi muito bom ter as pessoas felizes à nossa volta. Me senti em casa correndo aqui”, afirmou Sumgong.
Terceira colocada na disputa, a etíope Mare Dibaba saiu com impressão parecida. “Achei incrível ver a torcida gritando e torcendo por nós. Agradeço muito a todos”, disse ela. Quem perdeu a oportunidade de ver uma competição Olímpica sem gastar dinheiro vai ter mais uma chance no próximo domingo (21). Nesta data acontece a maratona masculina do Rio 2016.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”