Tem um grande amigo que me falou assim: “seu conceito de corrida vai mudar”. Já imaginava que sim, pois já treinamos muitos corredores pra Maratona de Nova York, mas, vivenciá-la fez com que minha experiência em corridas desse um salto. Tudo começa na experiência que eles proporcionam, porém, não é algo comprado, não é apenas ação de marketing, não são só ativações e, sim, envolvimento, comprometimento. Não só de staff (a maioria voluntários), mas do povo, dos órgãos públicos, da cidade, de todos os envolvidos. A cidade literalmente para! Perdão, ela não para, ela pulsa, vive intensamente a Maratona. São mais de 50 mil pessoas correndo e muitossss envolvidos pra que nós, corredores, tenhamos uma experiência única.
Vamos ao evento. Começando pela entrega de kits, super organizada, em um local sensacional e imponente, com uma Expo bem grande, com diversos stands com tudo que você pode precisar pra prova e para seus futuros treinos de corrida.
O kit é simples, uma linda camisa da New Balance, uma sacochila plástica e seu número de peito da sorte… rs. Nem precisa de mais nada!
Sobre o dia da corrida, eu particularmente estava apreensivo, pois tive uma câimbra fortíssima dormindo na quarta-feira pré-prova (2/11), que deixou a minha panturrilha totalmente tensionada e muito dolorida. Assim todo o meu receio ficou em cima de uma possível câimbra na prova (5/11). Pois do resto, não me preocupava, treinei forte. Coloquei o objetivo de sub-4, porém, no meu último treino longo de 35km, no Rio, fiz muito bem, com um pace de 5m05s. Com isso, fecharia os 42km em aproximadamente 3h35m.
Isso me empolgou e aumentei a meta (rs). Pensei em tentar fazer a prova entre 3h45m e 3h50m, mas sem deixar o sub-4 de lado, afinal, já sabia que lá tem muitas subidas e descidas, algumas pontes e a chegada na subida. Apenas para constar: não sou atleta e meu melhor tempo em maratona era 4h00m na Maratona do Rio, e isso me incomodava devido ao zero zero rs. Bati na trave. Mas ok, pois nunca me preocupei muito com o tempo em si e sim em me divertir. Porém, dessa vez curti muito em treinar forte pra bater meu recorde pessoal. Aliás, aproveito pra agradecer o programa de treinamento que meu querido amigo e treinador Guilherme fez. Agradeço também a Fernanda pela dieta que foi perfeita, pré e durante a prova, já pós, desculpa mas sentei couro… rs. Voltando, fiz massagem na panturrilha na véspera, usei pernito e um tal de hot shot, que vou pesquisar agora sobre o produto. Só sei que tentei de tudo.
No dia da prova, a ida pra largada requer toda uma logística. Fui de ferry boat (na inscrição faça opção pelo transporte da prova, não esqueça), com muita fila e tudo bem lento. Mas cheguei a tempo, em cima da hora, mesmo saindo com muita antecendência. Aliás fila também é normal, as pessoas respeitam e sabem que tudo dará certo, só aguardar. Afinal para 50 mil pessoas tem que ter fila. Largada em várias ondas e por ritmo. Foi dado literalmente o tiro de largada logo na ponte com um lindo visual. Comecei forte, já era a estratégia mesmo, segurar até onde eu aguentar, pois estava respondendo bem nos treinos dessa forma. Assim fiz até aproximadamente o Km 25, onde senti um pouco o cansaço e as subidas, que se intensificaram. Mas já era esperado e fui firme, curtindo muito a torcida e as diversas bandas tocando por toda a prova.
Alguns pontos ficam marcados em nossa mente, como por exemplo, quando saímos da ponte e entramos no meio de uma multidão gritando sem parar. Depois vi que seria difícil manter pra fechar em 3h45m, então fui tentando manter pra fazer abaixo de 3h50m. Assim fui correndo e me divertindo, agradecendo a Deus o tempo todo por vivenciar tal experiência. Agradecendo também a New Balance!
A alegria de Issac pela medalha e pela conquista de um objetivo na Maratona de Nova York
Quando estava próximo do Km 35 percebi que teria que apertar o ritmo, assim comecei a usar a estratégia de descer as ladeiras mais forte do que estava fazendo, pra mim bem forte mesmo. Afinal, nas retas e subidas, não conseguia diminuir mais. Porém, sempre com receio da câimbra. Quando chegamos ao Central Park tive que acelerar, mas estava difícil, pois as pernas estavam sentindo a conta bater. Mas aquela multidão apoiando no parque foi sensacional e só deixei o corpo levar, correndo bem, fluindo. Difícil foi fazer isso na reta final que é com subida. Mas foi sensacional aquela energia maravilhosa e cruzar a linha de chegada no Central Park. Ah! sem câimbra e consegui o que eu queria!
Correr a Major, a New York City Marathon, me divertir, completar a prova e ainda na meta traçada. Melhor, em 3h49m. Ao final ganhamos aquele poncho (na inscrição faça a opção por ele e não do guarda volume) que não deixa sentirmos o frio de NY! Depois? Só sair pra comemorar com a medalha no peito. Lá, todos lhe parabenizam o tempo todo, pois eles consideram um grande feito.
Siga com foco e determinação em busca dos seus sonhos!
Obrigado a todos pela torcida.
FOI SENSACIONAL!!!
Rumo às próximas.
Rodrigo Isaac Gonzalez Dominguez
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”