Sempre tive vontade de conhecer o Parque de Inhotim (MG). Até que, em 2017, descobri que existia uma corrida em suas instalações, a Iron Runner, naquele ano em sua segunda edição. A vontade aumentou este ano, quando assisti ao vídeo da prova do ano passado. Mas, como estava juntando dinheiro para outra viagem, só decidi me inscrever a um mês da largada, quando pintou uma graninha extra. Porque não é barato para quem vem de outro estado. Há custos com passagem, transfer de Confins, hotel, alimentação e a inscrição (de R$ 248 para 2019, nos 21km). Há também percursos de 7km e 14km.
É uma inscrição salgada, mas achei que a organização compensa. Para quem optou se hospedar em Brumadinho, onde fica Inhotim, a retirada do kit ocorreu no próprio dia do evento e foi tranquila, no estacionamento do parque, mesmo ponto de partida e chegada dos atletas. O local tinha vagas e banheiros químicos suficientes, ótimo DJ pré-aquecendo a galera com rock n’ roll, estandes do café 3 Corações e da cervejaria artesanal Backer (ambos da região), food truck de massa, além de amostras de açaí e iogurte para repor as energias.
Rodrigo March em uma das descidas da Iron Runner em Inhotim
O percurso foi bem sinalizado e havia postos de hidratação em pontos estratégicos, sendo um deles com distribuição de paçoca e outro, mais no fim, de frutas.
A medalha é a mais maneira que já ganhei, pintada a mão, uma a uma segundo a divulgação. A camisa, bonita também. O kit traz ainda um voucher de ingresso gratuito para visitar o parque após a prova ou no dia seguinte e outro de 50% de desconto para acompanhante (a entrada cheia custa R$ 44), além dos itens de sempre, como viseira, garrafa plástica etc.
O único senão que vi e vejo em provas trail são os copos plásticos, largados na natureza, ainda que façam um perfeito recolhimento posterior. Sou a favor que cada um abasteça seu cinto ou sua mochila de hidratação em torneiras no caminho, ou que receba a água em copos recicláveis.
Justificado o preço, vamos aos 21km em si. A largada é no frio. Sabia que iria esquentar, mas preferi retirar o casaco leve durante o trajeto e guardá-lo na mochila, em vez de no guarda-volumes.
A prova foi bem mais difícil do que eu esperava, em parte porque decidi fazê-la em cima da hora, mas ouvi o mesmo de corredores que fizeram os três percursos. O fato é que são muitas subidas e descidas, o que deixa seu corpo moído. Meu relógio registrou 911m de ganho de elevação e 910m de perda. Além disso, em grande parte, o piso é aquela terra vermelha, outro complicador além de alguns trechos técnicos.
A primeira metade é a mais difícil, quando você atinge a elevação máxima de 1.112m. Consegui correr – sem alternar caminhada – até o primeiro cume, nos 4km. Depois você desce por cerca de 2,5km até retomar a subida por mais 4km. E aí, volta a descer…
O mapa da altimetria da Iron Runner, em Inhotim
A essa altura, tive a sensação de que não faltava tanto, mas logo uma placa indicou que restavam 10km. O último paredão, que aparece no vídeo oficial que me animou a participar, vem por volta dos 17,5km. Segui os colegas que subiam em zigue-zague. Estava pregado no fim da prova, mas reuni as últimas forças para chegar bem na foto. Quem nunca?
Foram menos obras de arte do que eu aguardava no caminho, mas eu estava bem cansado para retornar e visitar o parque. Como não haveria tempo no dia seguinte, ficou para outra…
As inscrições para a edição de 2019 já estão abertas.
Rodrigo March
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”
