O Desafio Cidade Maravilhosa da Maratona do Rio de Janeiro chegou e não teve pra onde fugir, só correr! Fui lá e fiz! 21k (2/6) e 42k (3/6).
Foram meses de treinamento, dedicação e foco. Parece besteira, mas é incrível como seu corpo se adapta ao desconhecido, a novos impactos, a condições estressantes.
Sim, bateu medo, pensei em desistir, teve dias que eu não queria treinar… Nessa última semana surgiram dores que eu nunca senti.
A cada longão eu chegava no final ainda pensando: “o que eu tô fazendo aqui?”
Contudo… Sou teimoso. Há um ano eu fiz a inscrição porque sabia que seria possível, mesmo conhecendo as condições adversas do percurso e do clima.
Aqui no Rio é tudo imprevisível e só no dia da prova que você se dá conta de muita coisa.
É aquela história: pra conquistar grandes vitórias, sempre existe um preço. Ou vários.
Corri 5x por semana nos últimos 3 meses, tendo que conciliar trabalho, família, vida social, academia e prazeres básicos da vida. E o cansaço que batia e durava dias?
Meus finais de semana se resumiram a correr e descansar. Prova virou treino e vice-versa. Dormir tarde, ir pra festa, alimentação descontrolada? No way.
E o que aprendi? Que a gente não se conhece por completo. Todo dia eu aprendo algo novo sobre mim. Nesse Desafio não foi diferente. O lance era completar. Não superá-lo ou se preocupar com tempo. Queria mesmo era me divertir!
Se depois disso tudo você me achar louco, beleza, eu vou entender. Porém, se você me perguntar porque eu amo correr, bem, creio que você já tenha a resposta.
Igor Helal com as medalhas do Desafio Cidade Maravilhosa, da Maratona e da Meia Maratona
Quilômetro 42 (63 do Desafio). Sprint final. Olhando pra linha de chegada.
A cara era de choro, mas não era por estar sofrendo. Era porque uma explosão de emoções mistas se consumaria ali, em poucos segundos… Um filme que passa pela sua cabeça!
Quem me conhece há um tempo sabe como a corrida transformou a minha vida: novos amigos, novos hábitos, a aposta na saúde, autoconhecimento etc.
Diferente de muitos atletas amadores e profissionais, eu corro principalmente por prazer. É claro que com o tempo você vai se conhecendo e tentando melhorar a performance, mas de modo geral, eu preciso me divertir. Não abro mão disso.
Mas como se divertir num desafio desses – correndo 21km num sábado e 42km num domingo? Paradoxal!
Não vou falar muito da meia maratona: com essa, já são 15. Serviu como treino, “teste”. Fiz devagar, andei nos pontos de hidratação (tava sol, ao contrário do domingo), curti a paisagem, tirei foto. Foi uma corrida recreativa.
A maratona, de certa forma, não foi muito diferente. Mantive o pace médio em 6m/km (confortável) até o km 21, quando caminhei e alonguei pela primeira vez. Faria isso ao longo da outra metade do percurso em momentos pontuais (Km 27, Km 33 e Km 41). Nesse processo fui correndo num ritmo mais “suave”. O lance não era completar?
Além de correr, uma das coisas que eu mais fiz nesse Desafio foi rir, sorrir, gargalhar mesmo. Eu tava achando tudo fantástico! E tinha muita gente na rua incentivando esse ano! Curti cada momento. Desde a Reserva infinita, as subidas do Joá e Niemeyer, passando pelas praias de Ipanema e Copacabana, onde a energia da galera era cada vez maior.
A gente sabe que lá no finalzinho, no Aterro, se a cabeça não estiver no lugar, se você não se animar, o corpo para. Eu mesmo senti umas dores, mas quem não?
“Ah, mas porque você corre se sente dor?” Ué, porque antes e para além disso eu me divirto pra caramba!
E enfim, eu saí da zona de conforto!
63km em dois dias!
Pra finalizar, deixo uma reflexão: “O impossível é apenas uma grande palavra usada por gente fraca. Impossível é hipotético. Impossível é temporário. O impossível não existe.” (Muhammad Ali)
Obrigado a todos os envolvidos!
IGOR HELAL
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”