Por Marcos Dantas.
O Campeonato Mundial de Ironman, em Kona, no Havaí, no último sábado (13/10) comemorou seu aniversário de 40 anos com uma edição de gala; condições perfeitas, recordes quebrados e disputas emocionantes. Os vencedores foram os mesmos do ano passado, o alemão Patrick Lange, agora bicampeão, e a suíça Daniela Ryf, que com a conquista se tornou tetracampeã do evento.
Patrick Lange rompeu a fita de chegada em 7h52m39s, superando o recorde do percurso que pertencia a ele mesmo, que era de 8h01m40s e quebrando a tão almejada e inédita barreira das oito horas de prova no Ironman Havaí, seguido pelo belga Bart Aernouts, com 7h56m41s, e pelo escocês David McNamee, com 8h01m09s. Os brasileiros Igor Amorelli, com 8h34m21s, e Thiago Vinhal, com 8h52m56s, chegaram, respectivamente, na 33ª e 78ª colocações.
O alemão fez uma prova impecável, com uma boa natação, um ciclismo forte, mas consciente, e, mais uma vez, uma maratona determinante, com o tempo de 2h41m31s. Isso depois de nadar 3,8km, em 50m37s, e pedalar 180km, em 4h16m04s. Se não bastasse, logo após cruzar a linha de chegada, Lange ainda teve disposição de, na frente de todos, pedir sua namorada Julia Hofmann em casamento e, emocionada, aceitou.
Entre as mulheres, Daniela Ryf conquistou sua quarta vitória seguida não “apenas” batendo o recorde do percurso, mas esmagando o que já era dela em 20m30s. Um desempenho absurdo, fechando a prova em 8h26m18s, com 57m27s na natação, com 4h26m07s no ciclismo, e 2h57m05s na corrida, terminando na 25ª colocação geral. A britânica Lucy Charles foi a segunda colocada, com 8h36m34s, ficando na 35ª colocação geral, e a alemã Anne Haug, estreante em Kona, em terceiro, com 54m21s na natação, 4h47m45s no ciclismo e 2h55m20s na corrida, fechando na 48ª posição geral. Nenhuma brasileira participou da categoria profissional feminina.
O Campeonato Mundial de Ironman de 2018, em Kona, no Havaí, em 24 imagens
Ryf está dominando a distância longa do triathlon, valendo-se, principalmente, de um ciclismo arrebatador, sem concorrentes à altura, e uma corrida do mesmo quilate. Na natação em Kona sofreu com o “encontro” indesejável com uma água-viva em seu rosto – ela relatou depois que chegou a pensar por um momento em desistir –, mas seguiu em frente e marcou o dia com um dos desempenhos que ficará marcado para sempre na memória dos fãs do esporte.
Baía de Kailua, local da largada da natação do Mundial de IronmanDos quase 2.400 atletas amadores, 60 representaram o Brasil. Destaque para a jovem Carla Guttilla, segunda colocada na categoria 18/24 anos e 743º no geral, com 10h01m15s (1h03m31s na natação, 5h09m26s no ciclismo e 3h41m58s na corrida); para o brazuca morador do Havaí José Graça, quarto na categoria 40/44 anos e 107º no geral, com 8h58m58s (58m43s na natação, 4h36m27s no ciclismo e 3h17m15s na corrida); Diogo Ratacheski, quarto entre os paratriatletas cadeirantes e 1.846º no geral, com 12h31m38s (1h37m55s na natação, 6h44m04s no ciclismo e 3h59m45s na corrida); e para Luiz Renato Gomes, quinto na categoria 70/74 anos e 1.902º no geral, com 12h51m50s (1h14m54s na natação, 6h07m24s no ciclismo e 5h15m32s na corrida). Vale ressaltar a bela prova do estreante em Kona e hexacampeão mundial de bodyboard Guilherme Tâmega, que hoje reside no Havaí e trabalha como salva-vidas, que concluiu com o ótimo tempo de 9h45m06s (1h02m36s na natação, 4h51m26s no ciclismo e 3h43m31s na corrida).
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”