Americana quebra recorde de velocidade no Mont Blanc

Hillary Gerardi subiu até o pico do Mont Blanc, com 4.808m, e desceu em 7h25m28s
Hillary Gerardi subiu até o pico do Mont Blanc, com 4.808m, e desceu em 7h25m28s

Com o tempo de 7h25m28s, a ultramaratonista americana Hillary Gerardi estabeleceu, no sábado retrasado (17), um novo recorde de subida até o pico (4.808m) e descida no Mont Blanc, o cume mais alto da Europa.

Hillary largou diante da igreja de Saint Bernard du Mont-Blanc, no centro de Chamonix, na França, às 2h02m do dia 17 de junho. Após chegar ao cume da montanha, ela retornou à igreja às 9h30m.

A nova recordista superou a marca de 7h53m12s, que era da sueca Emelie Forsberg, de 21 de junho de 2018. Ela teve a companhia do marido Kílian Jornet, lenda das ultras e recordista de subida e descida do Mont Blanc, com 4h57m34s, obtido em 2013.

Projeto levou anos para ser concretizado

Gerardi, que nasceu em Vermont, nos Estados Unidos, mas mora nos Alpes franceses, estava se preparando para a façanha há tempos. Ela optou por fazer a maior parte de sua corrida em terreno técnico de alta elevação, incluindo neve, em vez de trilhas. 

“Este projeto levou anos para ser feito, especialmente porque nos últimos anos estivemos em uma seca e não tivemos neve suficiente para preencher algumas das principais passagens da geleira. Com projetos em alta montanha, você deve estar pronto para aceitar que há muitas coisas fora de seu controle”, disse ela à Runner’s World. “Embora você possa controlar sua própria preparação física e mental, além de garantir que esteja tecnicamente preparada, há muitos outros parâmetros que você não pode controlar.”

Percurso pelo Mont Blanc foi mais longo e mais íngreme

A americana também planejou percorrer uma rota diferente e mais técnica que Forsberg, principalmente em parte devido ao impacto das mudanças climáticas e ao possível colapso do serac (bloco ou coluna de gelo glacial na montanha, perigosos para os montanhistas, pois podem ruir sem aviso prévio). O percurso percorrido por Gerardi, a Arête Nord (North Ridge), era um pouco mais longo e mais íngreme que a feita por Forsberg, com gelo exposto, mas evitou a área de queda de serac, onde vários esquiadores morreram recentemente.

“A mudança climática está mudando a sazonalidade nas montanhas e tornando cada vez mais difícil prever quando pode haver boas condições e janela de tempo”, explicou ela. “Eu tive que bloquear um período de dois meses para este projeto em que eu tinha que estar pronta para começar.”

Havia mais na tentativa de Gerardi do que apenas preparação física. Um recorde no novo percurso exigia uma mistura de corrida em trilha e escalada alpina e a capacidade de estar preparada para condições climáticas que mudam rapidamente.

“Assim como você não quer correr com uma mochila pesada com equipamentos de escalada, você não quer estar em uma geleira em altas altitudes sem o equipamento certo para se manter segura”, disse Gerardi, que carregava uma série de itens indispensáveis para estar em geleira. “Escolher os melhores equipamentos mais leves e seguros foi uma parte divertida do projeto.”

O recorde no Mont Blanc passa a integrar o currículo vitorioso de Gerardi. No ano passado, ela foi campeã da Skyrace Trofeo Kima, de 52km, na Itália; em 2021, foi vencedora da Maratona du Mont Blanc; e, em 2015, ganhou o Grand Raid des Pyrénées, de 120km.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."