A vida pode lançar desafios difíceis no caminho de atletas de alto rendimento, como lesões que ameaçam suas carreiras, que muitas vezes deixam vitórias e títulos em segundo plano. A força mental é a chave para voltar a forma e, muitas vezes, em um nível melhor do que o produzido anteriormente. Aqui estão algumas dicas de uma seleção de atletas de elite, que saíram mais fortes após o trauma.
O triatleta britânico com o halo que usou durante sua recuperação de um atropelamento em outubro de 2018. Foto de Andrew Hinton/Red Bull Content Pool
PERSPECTIVA. Recordista mundial do Ironman, com 7h40m23s, obtido na etapa da franquia em Florianópolis, no ano passado, o britânico Tim Don sofreu um grave acidente em outubro, quando foi atropelado por um caminhão dois dias antes do Mundial de Kona, no Havaí. Ele fraturou a vértebra C2, fez fisioterapia, usou um halo de proteção em sua cabeça e pescoço, recuperou-se, correu a Maratona de Boston, em abril, e venceu o Ironman 70.3 Costa Rica, em junho, ao concluir 1,9km de natação, 90km de ciclismo e 21,1km de corrida em 3h49m59s. O empresário de Don, Franko Vatterott, revelou uma frase do campeão de triatlhon: “Não importa qual desafio você tenha na vida, é tudo uma questão de perspectiva. Minha perspectiva não é estar preso neste halo. Tenho a sorte de estar vivo e vou usar essa oportunidade para treinar mais forte e mais inteligente do que nunca.”
O surfista australiano Mark Mathews voltou a surfar após grave acidente em sua perna direita. Foto de Rodd Owen/Red Bull Content Pool
REFLEXÃO. O surfista profissional australiano Mark Mathews sofreu sérios ferimentos em seu pé direito quando surfava em New South Wales, na Austrália, em 2016, ao cair num arrecife. No impacto, ele fraturou a canela direita, rompeu os ligamentos cruzados anteriores e posteriores, além de uma artéria e um nervo. O grave acidente o tirou das competições de ondas grandes e quase encerrou sua carreira. Mas a força mental e o otimismo foram fundamentais na sua recuperação. “Acho que a melhor coisa a fazer é focar no fato de que as coisas poderiam ser piores. Tenho amigos em cadeiras de rodas que dariam qualquer coisa para terem tido o mesmo problema que eu. Então me recuso a ficar lamentando. Isso seria desrespeitoso”, disse o surfista, que, após inúmeras cirurgias, já voltou a surfar.
A ciclista Rachel Atherton comemora mais um título de dowhill na World Cup, na França, no mês passado. Em 2009, ela deslocou um ombro e teve que fazer um enxerto de nervo. Foto de Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool
APRENDENDO. A também britânica Rachel Atherton acaba de ganhar seu sexto título de downhill da UCI Mountain Bike World Cup, no entanto, nem sempre foi fácil, já que ela lutou contra ferimentos graves. Em janeiro de 2009, ela sofreu um acidente de carro, em Santa Cruz, na Califórnia, deslocou um ombro e foi obrigada a fazer um enxerto de nervo. Ela ficou afastada das competições naquele ano, mas quando voltou, retomou uma carreira vencedora. “Você tem que passar por essas lesões para sair do outro lado e ser um atleta mais preparado. Aprender sobre si mesmo é provavelmente a maior coisa que as lesões podem causar. Elas te ensinam muito.”
O skatista americano Dan Mancina, em ação. Apesar de ter 5% de visão, ele não para de andar de skate. Foto de Jacob Lewkow/Red Bull Content Pool
TENACIDADE. O skatista americano Dan Mancina é um ser humano notável, que se adaptou e continuou com sua paixão em andar de skate depois de perder 95% de sua visão por causa de uma retinite pigmentosa, doença hereditária – algo que deixaria muitas pessoas desanimadas. O americano revelou: “Eu não estou pensando em ser cego, apenas como vou definir a meta para que outras pessoas cegas mostrem o que é possível. Eu posso ter perdido minha visão, mas através do skate eu ganhei uma nova perspectiva. Eu quero compartilhar isso com o mundo”.
Fonte: Red Bull Content Pool
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”