Por Eduardo Fregattto, do Campo Grande News.
Mais do que uma mudança estética, a corrida criou novas perspectivas na vida de Danielle Leite Netto Lopes de 38 anos. “Uma mudança interior”, diz a mulher que começou a correr em 2013 e, desde então, mudou radicalmente.
Além de criar uma nova rede de amigos, interessados pelo esporte e hábito saudável, foi por conta da corrida que ela voltou pra sala de aula e finalmente realizou um sonho antigo: se formar em educação física. “Eu já tinha começado esse curso há muitos anos, mas tranquei para cuidar dos meus filhos”, conta. “Agora, decidi voltar porque muitas pessoas me pediam para passar treino, e eu não achava justo eu ensinar outras pessoas sem ter formação na área”.
Ela se graduou semana passada, em Licenciatura. Agora, vai continuar estudando mais um ano, para conseguir também o diploma de Bacharelado.
Danny e a filha, Alanis, com a medalha de São Silvestre. (Fotos: Acervo Pessoal)
A história de Danielle, ou Danny, como é chamada, começou com aquela velha vontade de perder peso e entrar em forma. “Eu percebi que estava mais pesada do que quando estive grávida, fiquei assustada”, relata. O que Danny não imaginava é que, além de conseguir perder 13 quilos, ela também resolveria uma série de problemas de ordem emocional e mental.
“A mudança acontece mais dentro do que fora. Antes de correr, eu tinha alguns problemas com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), problemas de relacionamento com alguns parentes, era mais carente. Tudo isso passou”, comemora. “As pessoas percebem a mudança em mim, tanto que vivem pedindo dicas para correr também”.
Danny e o pai, Oswaldo, uma das suas inspirações.
Um dos maiores apoiadores é o pai de Danny, Oswaldo, de 62 anos, que corre desde os 18 anos. “Eu sempre via ele saindo para correr, e dizia que eu nunca faria isso. Hoje corremos juntos”. Além de cuidar dos dois filhos, Danny concilia a rotina de estudos com a corrida, que é sagrada. Nem a chuva a impede de colocar o tênis e ganhar as ruas.
Ao total, desde 2013, ela já correu 3 mil quilômetros por Campo Grande. Participou da Corrida de São Silvestre e, em uma ocasião, correu 21 quilômetros com uma amiga, de uma vez. “No final, a gente só ria e se abraçava. Foi emocionante”.
Quando começou a praticar corrida, Danny cometeu alguns erros e pagou um preço alto. Ela usava um tênis emprestado e inadequado, que nem servia direito no seu pé, e sofreu lesões. Precisou de meses de tratamento.
Por isso, ela dá dicas para quem está tentando sair do sedentarismo. “Compre um tênis de corrida, e não precisa ser caro. Existem muitas promoções e opções baratas. Não se preocupe em ter o tênis para sua pisada específica. No começo, compre um tênis de corrida para pisada neutra”, ensina.
Além disso, ela recomenda que a pessoa comece a correr em lugares abertos, com distrações e atrativos, como o Parque das Nações Indígenas. “Em casa, qualquer probleminha e você desiste. Quando você vai no Parque, vê várias pessoas, gente mais velha, se inspira a voltar no outro dia. Quem começa a correr fora, não volta mais pra dentro”.
Com um de seus inúmeros trófeus e medalhas.
Danny utiliza vários aplicativos de celular que rastreiam seus percursos, quilometragem e outras informações. “Dão muita motivação. É muito legal ver no mapa todo o caminho que você correu, você fica orgulhoso e animado”. Ela recomenda alguns aplicativos, como o Relive e o Strava, e lembra que é recomendado correr em asfalto ou terra batida, para evitar lesões.
As redes sociais também são aliadas da prática. “Você cria uma rede amigos que se motivam. Eu vejo eles postando os lugares diferentes que correram, e quero conhecer também. Tem grupos, é muito legal”.
Porém, mais importante que tudo, é procurar também orientação de profissional de atletismo e educação física. “Não dá pra dispensar a ajuda de um profissional”, finaliza.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”