Por Mauro Chasilew, publicado em bodytech.com.br
Essa é uma ótima pergunta. E a resposta padrão que vem à mente é: você NUNCA vai se sentir preparado!
Não acho, porém, que devemos pensar nas longuíssimas distâncias usando os padrões que temos para corridas mais curtas e planas, como ritmo, velocidade etc.
As Ultras têm outras variáveis que devem ser levadas em conta, como a parte psicológica, o controle de ansiedade, logística e escolha de equipamentos, entre outras.
Acredito que nessas provas, o psicológico pode ter uma importância maior que o físico. Você está cansado, com sono, com frio, às vezes com dores… E vai continuar?! Sim! Vai continuar. E, incrivelmente, está se divertindo com a corrida. É difícil explicar. No entanto, é ainda mais difícil entender como é tão maneiro estar correndo por tanto tempo na natureza. É preciso experimentar. Para mim, quanto maior a distância, melhor. 250km, 300km, 600km…
E como fazer?
Perca o medo.
Converse com seu professor e trace uma estratégia para ir aumentando o seu volume de corrida.
Diversifique os terrenos.
Corra sozinho. Corra com os amigos.
Ache uma prova que inspire você e se inscreva.
Veja vídeos de provas e se imagine lá.
Escolha os melhores equipamentos que puder ter. Treine com eles e faça os ajustes necessários.
Não dê ouvidos àqueles que te chamam de louco. Lembre que impossível é apenas alguma coisa que ainda não foi feita. Loucura seria fazer uma Ultra (ou qualquer outra atividade) sem o preparo adequado. Aprenda a escutar o seu corpo e estenda os seus limites. Vá cada vez mais longe e mantenha-se sorrindo.
E lembre mais uma vez: “Somos pessoas comuns fazendo coisas extraordinárias”.
Mauro Chasilew é professor de educação física e empresário. Participa de provas longas de corrida de aventura desde 2003 e de ultramaratonas desde 2007, entre elas, a corrida de aventura na Patagônia Chilena, com 1.112km.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”