Corrida de São Silvestre é cancelada pela primeira vez

Largada da 95ª edição da Corrida de São Silvestre, em 2019. (DIvulgação)
Largada da 95ª edição da Corrida de São Silvestre, em 2019. (DIvulgação)

A manhã do dia 31 de dezembro de 2020 na Avenida Paulista será diferente. Pela primeira vez em 95 anos, uma das principais vias de São Paulo não vai ver a animada multidão disputando a Corrida de São Silvestre.

Por causa da pandemia da Covid-19, a organização da tradicional corrida de rua, após entendimentos com a Secretaria Municipal da Casa Civil, decidiu cancelar a edição deste ano. Mas em compensação, já garantiu a realização de duas provas em 2021. A primeira vai acontecer no dia 11 de julho e a segunda em sua data tradicional: dia 31 de dezembro.

Segundo a nota oficial da organização divulgada nesta terça-feira (22), “a decisão pela transferência leva em consideração a instabilidade do cenário atual, onde os decretos de quarentena estão sendo postergados, não havendo ainda uma definição de retorno das corridas de rua deste porte até o mês de dezembro.”

Em breve, o Comitê Organizador da Corrida de São Silvestre vai divulgar novas informações sobre a prova.

A Prefeitura de São Paulo, em julho, já tinha anunciado que não daria autorização para a realização de eventos com grande concentração de pessoas, como Parada LGBT, Marcha para Jesus, réveillon, além do adiamento do carnaval.

A história da Corrida de São Silvestre

A primeira edição da Corrida Internacional de São Silvestre aconteceu em 1925, criada pelo jornalista Cásper Líbero. A inspiração surgiu de uma corrida noturna que ele viu na França em 1924, com os competidores carregando tochas de fogo durante o percurso.

O nome da corrida é uma homenagem ao santo festejado pelos católicos no último dia do ano. São Silvestre foi papa e comandou a igreja católica de 314 a 355.

Na primeira vez em que foi disputado, o evento contou com 60 inscritos, sendo que 48 compareceram e apenas 37 se classificaram. Na época, o trajeto era de oito quilômetros e a largada era dada em plena noite de réveillon. Entre 1925, ano de sua criação, e 1944, foi disputada apenas por brasileiros. Nas últimas décadas, cerca de 30 mil pessoas de diversos países cumprem um percurso de 15 quilômetros, que agora acontece pela manhã.

Primeiro percurso tinha 8km

A partir de 1945, com o fim da guerra, a São Silvestre passou a contar com a participação de corredores latinos. Dois anos depois, os organizadores passaram a permitir atletas de todo mundo. Após a abertura da prova para a participação internacional, os maiores ganhadores entre os homens foram os quenianos, com 16 vitórias. Em seguida vem os brasileiros, que venceram 11 vezes, seguidos pela Bélgica e Colômbia, com seis campeões, cada um.

A mudança do horário de início da corrida, que passou a ser realizada durante o dia de 1988 em diante, aconteceu para cumprir as determinações da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Realizada em grande parte pelo centro da cidade, a São Silvestre já teve vários percursos e distâncias diferentes. A distância a ser percorrida foi definitivamente fixada em 15km em 1991, atendendo ao mínimo exigido pelas regras oficiais. Em 1989, a São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da IAAF.

Mulheres só puderam correr após 1975

A largada para o percurso de oito quilômetros, em 1925, acontecia no Parque Trianon, com chegada na Ponte Pequena. Já este ano, a largada para o percurso de 15 km será na Avenida Paulista, altura da rua Frei Caneca, e a chegada será em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, no número 900 da Paulista. 

Desde 1975, a corrida passou a ser mista, quando a participação oficial das mulheres foi autorizada. A primeira campeã foi a alemã Christa Valensieck, que repetiu o feito também em 1976. As mulheres quenianas também somam o maior número de vitórias entre as corredoras, com 15 vitórias. Portugal conseguiu 7 vitórias, seguido pelo Brasil com cinco.

O maior vencedor e recordista da prova, até hoje, é o queniano Paul Tergat, com cinco vitórias. Entre as mulheres, a portuguesa Rosa Mota enfileirou seis vitórias consecutivas nos anos 1980 e é a maior vencedora. Tricampeão da São Silvestre e bicampeão da Maratona de Nova Iorque, o maratonista Marilson Gomes dos Santos, com 38 anos, continua sendo o maior campeão nacional.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."