Pé de atleta sofre. Sofre com bolha. Sofre com unha encravada. Sofre com unha machucada. Sofre com unha prestes a cair. Sofre com unha grande. Sofre com calo. E para não sofrer com essa parte tão importante do corpo para o corredor, é preciso ter cuidados com os pés.
Uma das sugestões para o cuidado é o uso do vapor de ozônio. Trata-se de uma “fumacinha” que o atleta expõe seus pés periodicamente. “O uso do vapor com gás de ozônio no tratamento dos pés permite a abertura dos poros da pele e uma rápida absorção dos cremes com hidratação profunda e eficaz. O resultado é a imediata visão de uma pele com aspecto de bumbum de bebê. Além disso, tem função bactericida”, afirma Luiz Pedreira, do Spa do Pé.
Sobre o dia a dia, Luiz aconselha:
“Depois de um dia inteiro de trabalho, tudo o que você quer é relaxar. Os pés são uma das partes do corpo que mais acumulam tensão. Um simples escalda-pés, não indicado para diabéticos, é capaz de milagres. É muito prático. Coloque os pés em uma bacia de água quente por 5 minutos. Passe-os para outra de água fria, por 30 segundos. Repita a imersão três vezes. O calor da água puxa a circulação para os pés, o que ajuda a esfriar a cabeça”.
Para os mais preocupados com a hidratação dos pés, ela deve ser feita diariamente sempre à noite, antes de dormir:
“Pela manhã apenas seque os pés, caso ainda exista algum resíduo de creme. Usar hidratantes durante o dia gera odor, fungos e bactérias. Mantenha os pés sempre secos. Os cremes mais recomendados são aqueles que na sua composição apresentem 10% de ureia. A substância faz com que haja uma descamação da pele morta e em seguida uma super hidratação da pele.
Outro ponto que desperta a atenção dos corredores é a maneira correta de lixar as unhas dos pés, pois o contato com o calçado pode causar lesões:
“Evite deixá-las compridas e arredondas nas laterais, siga a anatomia dos dedos. As unhas precisam estar bem cortadas, para que não machuquem. Elas precisam estar aparadas fazendo um ângulo de 90°, sem curvas nas laterais. Isso evita que elas encravem com a pressão dos dedos contra o tênis”, afirma dermatologista Marcia Monteiro, de São Paulo. “E nunca retire as cutículas dos pés e das mãos. Elas protegem contra a entrada de fungos e bactérias que dão origem a doenças por todo o organismo. O truque, quanto à estética, é empurrá-las, retirar a pele morta, lixar e hidratar.”
Mesmo tendo a função de proteger os pés, um tênis ou até um sapato apertado pode ser fatal. O aconselhável é evitá-los. Conforto é tudo. Uma dica recorrente, mas que não pode ser esquecida: não estreie um tênis no dia da prova. O ideal é usar por um tempo para caminhar e em treinos mais curtos para que ele não cause desconforto. A escolha de um tênis de acordo com a sua pisada também é importante.
Calos também devem ser evitados. O seu aparecimento indica que há pontos de pressão entre o pé e o calçado utilizado. O corredor deve identificar o que está ocasionando esse problema e evitar o tênis ou sapatos que causa esse transtorno. Se o calo não incomoda, basta usar um protetor de silicone ou adesivo na hora de fazer uma prova. Mas teste durante um treino para ver se se adapta. Mas se o calo dói, evite cutucá-los com alicate e use creme para os pés para deixá-los hidratados.
E quando surge uma bolha, o que fazer? Aquela vontade de furar deve passar rápido. É um erro furar, pois o líquido da bolha é uma proteção para a pele lesionada. O ideal é que o organismo absorva o líquido. Caso esteja muito incômoda, a dica da podóloga Cristina Alves é transpassar a bolha com uma agulha e linha, que vai drenar o líquido. Não se deve retirar a pele para ter problemas na cicatrização. Antes de fazer uma prova, hidrate bem os pés. Você pode usar vaselina, cujo uso é bastante comum entre corredores, pois cria uma camada protetora, reduzindo o atrito que gera as bolhas.
Usar meias certas para a prática esportiva é fundamental. Elas evitam o acúmulo de suor e o surgimento de bolhas.
* Com O2 e Sporlife
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”