Correr 90km em 22h52m não é para qualquer mortal. É preciso ter persistência, objetividade e muito, mas muito treinamento. E foi isso que a brasileira Fernanda Maciel, radicada na Espanha, teve para vencer um desafio para lá de audacioso. A ultramaratonista queria ser a primeira mulher a chegar ao cume da maior montanha das Américas e uma das mais altas do mundo e voltar em menos de 24 horas. Depois de duas tentativas frustradas, ela conseguiu pisar no topo do Aconcágua, a 6.962 metros de altitude, na Argentina. E tudo o que passou para alcançar seu objetivo, que se tornou realidade no dia 22 de fevereiro de 2016, estará no documentário “Aconcágua: a New Chance”, de 45 minutos, que estreia no próximo sábado (17/9) na Red Bull TV, mostrando as frustrações, o stress psicológico e físico, os treinamentos e todos os detalhes da trajetória da recordista.
“A montanha é brutal Eu tentei, fracassei. Tentei de novo, fracassei novamente. Voltar pra casa com vida era o meu maior desafio”, explica a atleta. “Eu sempre busco realizar projetos difíceis, quase impossíveis para mim! E este do Aconcágua era assim. Correr nas alturas, sem oxigênio, com neve, gelo e vento acima de 70 km/h é muito perigoso”.
Dona de vários títulos importantes de trail run pelo mundo, Fernanda decidiu, em 2015, que estava pronta para ser recordista no Aconcágua. Para conseguir realizar esse desafio, ele treinou muito, superou medos, frustrações e a própria natureza. No início do ano passado e no início deste, Fernanda tinha tentado chegar ao topo da maior montanha fora da Cordilheira do Himalaia, onde está o maior cume do mundo, o Everest, há 8.848m, mas as difíceis condições climáticas do Aconcágua impediram que ela atingisse seu objetivo. Dias depois voltou para mais uma tentativa e teve sucesso.
“Foi a coisa mais difícil e doida que já fiz na minha vida, com certeza. É a montanha que diz se você pode ou não fazer aquilo que quer. Somos nada. Sou muito pequena perto disso tudo. Ao mesmo tempo, me sinto gigante por ter conseguido”, afirma Fernanda, corredora de montanhas desde 2006, que passou a ser atleta profissional em 2009, deixando a carreira de advogada pelas trilhas.
Uma equipe de filmagem passou quase um mês com Fernanda para poder realizar o documentário, que representou um teste de resistência também para as pessoas envolvidas no projeto.
“Foi de longe a produção mais complexa que já fiz. Era um percurso longo, com 90 km, sem falar na questão da altitude. Além de operar câmeras e produzir o documentário, a equipe também tinha que estar preparada para tudo aquilo”, comenta o diretor Wiland Pinsdorf. “Tivemos que usar a criatividade para cobrir e contar toda aquela história, montar um verdadeiro quebra-cabeça com tanto material e tantos detalhes. Mas, no final, fomos bem-sucedidos na nossa tarefa”, explica.
No ano passado, então, resolveu que estava pronta para novos desafios e escolheu o Aconcágua, na Argentina, maior montanha das Américas com 6.962 metros de altitude, para concretizar o projeto pessoal – não sem muitas tentativas e dificuldades.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."