A ansiedade já começa a tomar conta dos corredores cariocas da Asics Golden Run, prova de 21km que acontece no dia 15 de maio, entre o Recreio dos Bandeirantes e a Praia de São Conrado, com largada às 7h. Substituta da Golden Four Asics, essa meia maratona já faz parte do calendário de corrida de rua do Rio de Janeiro por ser disputada em um dos melhores percursos da cidade e com uma das vistas mais bonitas do mar quando se passa pelo Viaduto do Joá, nos quilômetros finais. Como é praticamente plana, e com uma boa infraestrutura de hidratação, a Golden Run Rio é uma prova rápida, o que permite que os corredores possam buscar quebrar de recordes pessoais nesta distância e, para quem está estreando nos 21km, o nível de dificuldade não é dos mais altos. Faltando um mês para a prova, conversamos com dois técnicos cariocas, Carlos Martins, da Equipe Pé Carioca, e Chico Serra, da Speed, para saber dicas sobre a Golden Run.
– A Golden Run cumpre o que promete, de oferecer condições ideais para que os corredores possam quebrar seus recordes pessoais. Um outro ponto positivo da prova é a hidratação, com postos com água e isotônico a cada 3km, dando assim ao corredor a opção de ir se hidratando aos poucos, sem a necessidade de consumir muito líquido de uma só vez – afirma Chico Serra.
Outra vantagem apontada por ele na Golden Run é a possibilidade de poder treinar em uma boa parte do percurso da prova, o que permite ao corredor se ambientar com o trajeto e fazer um planejamento para o dia da corrida.
– O corredor deverá ir para a prova já com uma estratégia previamente definida. E poder treinar no local ajuda muito nesse ponto. E se o trecho da ciclovia pelo Viaduto do Joá estiver pronto até lá, será possível treinar por todo o trajeto até o dia da Golden Run. Um dado importante para este ano e que, com certeza vai ajudar na performance dos corredores, foi o fim dos paralelepípedos e dos olhos de gatos que existiam na Avenida Sernambetiba na altura da Reserva. Como este trecho está asfaltado, muitos atletas não se preocuparão mais com a possibilidade de torcer os tornozelos.
Para Carlos Martins, o trajeto desta meia maratona é um dos mais bonito da cidade.
– O visual é lindo por todo percurso. A prova é quase totalmente plana, da largada, no Recreio dos Bandeirantes, até o Quebra Mar, na Barra da Tijuca. São aproximadamente 16,5km de extensão. Depois tem um trecho quase em “S” para a subida do Elevado do Joá. Ela é curta, mas deve se considerar o estado físico do corredor. Até São Conrado são mais 2km pelo viaduto e depois uma descida, outro “S” e a reta final na praia de São Conrado- comenta Carlos Martins. – Para quem vai correr a Golden Run sem a preocupação com o tempo, está no evento e local certo, pois o visual é magnífico, principalmente no Elevado do Joá, onde vale uma foto ou filmagem. Temos a sensação de estar pisando sobre o mar. Nível de emoção máximo. E é um lugar onde só se passa de carro atualmente.
Chico Serra reforça a opinião de seu colega de profissão:
– A Golden Run se caracteriza por ser uma prova veloz, com o terreno predominantemente plano, com o ponto crítico próximo do km 17, onde o atleta terá de encarar a única subida, que se inicia na entrada do Elevado do Joá, e é seguido pela descida até a entrada de São Conrado, há cerca de 1km do final da prova.
Como a largada será às 7h, o corredor ainda terá a chance de ver um belo pôr do sol – nessa época do ano, as possibilidades de chuva são pequenas. Após a partida, os corredores irão numa linha reta até o Quebra-mar. Mas pelo caminho, o atleta terá toda a via liberada até a chegada na Barra da Tijuca, quando a Golden Run ocupará uma das três pistas de rolamento, com as outras duas abertas para a circulação de carros, motos e ônibus. Uma coisa curiosa no trecho da Reserva são os quiosques à beira da Avenida Sernambetiba. Alguns deles têm raves rolando até o início da manhã, o que faz com que as duas tribos interajam, com as pessoas da balada aplaudindo quem passa e os que estão correndo chamando a galera que virou a madrugada para a prova, como forma de suar e colocar o álcool para fora. Tudo num clima de confraternização e alegria.
Um aviso importante neste trecho. Os corredores não devem jogar os copos d’água e embalagens de gel de carboidrato na vegetação que margeia a Reserva. A turma que cuida da limpeza não vai conseguir ver no meio das plantas esse lixo arremessados para lá. Se não puderem pôr nas latas de lixo, deixem no chão, perto do meio-fio.
Após passar pela Praia da Barra e pelo Quebra-mar, duas curvas à esquerda e um cotovelo à direita, levarão os corredores ao Elevado do Joá. Depois de fazer força para subir, o atleta vai ter mais uma falsa reta pela frente, com descida, para passar pelo primeiro túnel do Viaduto do Joá. Neste pedaço da Golden Run, a pista tem várias inclinações, por isso, a sugestão é encontrar o trecho onde elas são menores, poupando enrgia. Após passar pelo segundo túnel, que dá acesso à São Conrado, mais uma descida. O trecho seguinte é uma reta, seguida por uma curva à direta e outra à esquerda. Já na Praia de São Conrado, na reta final dos 21km, com o público incentivando, é hora de dar aquele sprint para cruzar linha de chegada feliz.
Para quem está fazendo sua estreia nos 21km, o diretor da Speed aconselha a aproveitar o clima da prova e curtir uma das mais belas meia maratona do país.
– O corredor que está debutando nos 21km deve ser conservador, sem se preocupar com o tempo. Se possível, encontrar alguém que tenha o ritmo de corrida parecido. Isso é uma forma de incentivo, pois terá uma companhia e, quem sabe, surgir uma amizade a partir dessa parceria. É importante se hidratar ao longo do percurso, não deixando de ingerir o isotônico para repor os sais minerais que são perdidos com o suor. Sugiro que o atleta caminhe enquanto bebe, assim terminará a prova com tranquilidade.
Já para os corredores que querem bater seus recordes pessoais nos 21km, a dica é dar os últimos polimentos nos treinos que precedem à prova.
– Para o atleta que quer baixar seu tempo na meia maratona, o conselho é descansar bastante ao longo da semana que antecede a prova, mas sem negligenciar seus treinos.
Converse com seu treinador e procure ajustar a melhor estratégia para você. Como falta praticamente um mês para a Golden Run, os volumes de treinos começam a diminuir e agora é a fase de polimento, com treinos menores, porém mais intensos. Dê atenção aos treinos intervalados, tanto os estímulos quanto as recuperações deverão ser feitas de acordo com o que foi prescrito na planilha.
Mais dicas:
– Não teste nada pela primeira vez no dia da corrida. Se vai usar um tênis novo, já comece a “amaciá-lo”. Se vai experimentar um novo gel de carboidrato, consuma durante um treino para não ter surpresa na prova.
– Mantenha alguns treinos com a intensidade alta, pois muito descanso poderá deixá-lo sonolento no dia da prova;
– 72 horas antes da prova é o melhor dia para descansar. Mentalize o que irá fazer e no dia anterior ao evento, treine bem leve; aproveite para revisar seu material de prova;
– Utilize um calçado e uma meia que você está habituado para evitar bolhas. Não esqueça de dar dois nós no cadarço. Evite correr com meias grossas, ou com bonés sem refrigeração, pois são pelas extremidades que trocamos calor com o meio externo e tapar as extremidades acarretará em uma elevação significativa da temperatura corporal;
– Pouco antes da prova começar, passe um pouco de vaselina nas áreas de fricção: virilha, embaixo dos braços e nos pés. Isso diminui o atrito e evita a formação de bolhas e assaduras;
– Coma apenas o suficiente, pois o excesso de peso com certeza irá atrapalhá-lo no dia da prova e a diminuição do volume de treinos já será o suficiente para uma super compensação das reservas de carboidrato. Beba bastante água e não isotônicos. O ideal é beber cerca de 2 a 3 litros de água por dia, pois o excesso de água também faz mal;
– Procure ir ao banheiro cedo para evitar surpresas durante a corrida;
– Nunca experimente comidas e bebidas diferentes antes ou na prova;
– Beba água em todos os postos, nem que seja para molhar a boca e a cabeça;
– Leve carboidrato em gel e tome a cada 30 minutos de prova. Leve também uma aspirina, pois em caso de dor insuportável, ela resolve o problema.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”