Completar a Maratona do Rio por si só já é uma vitória, porém, têm alguns pontos que merecem um destaque especial, seja na logística de retirar o kit, no próprio trajeto ou na cultura da cidade para esse evento. Os primeiros 3kms deveriam ser direto no sentido Barra da Tijuca, pois a rua em direção à Praia da Macumba é estreita, o que dificulta acertar o pace desejado. Essa distância poderia ser compensada estendendo o percurso no Aterro do Flamengo.
O dia estava lindo e já deixava claro que a temperatura iria subir ao longo da prova. Na Reserva, a organização fecha as duas faixas, o que deixa espaço suficiente para o fluxo de pessoas. É um trecho plano, com natureza rústica, sol no rosto e a Pedra da Gávea ao fundo. Quando entramos na Barra, passamos a ter somente meia-pista, um espaço estreito para três ou quatro corredores, antes de encararmos o primeiro aclive, no Elevado do Joá. A música com tema clássico no segundo túnel foi diferente da minha expectativa, mas eu gostei pela diversidade com o dançar das luzes e dos fachos de laser.
Quando chegamos ao segundo trecho de aclive, na Avenida Niemeyer, o mesmo também é em meia-pista, e uma ambulância teve que realizar um resgate, obrigando os corredores a ficarem espremidos entre o veículo e a mureta. Depois, o melhor trecho, na minha opinião, foi o de Leblon e Ipanema, onde tivemos o apoio da população e de amigos; pórticos no início e no final com vapor d’água; e sombras provenientes das árvores e da posição do sol atrás dos edifícios. Neste ponto, que é conhecido como muro ou abraço do urso, os corredores devem saber que o muro tem portas e, se você está bem condicionado, é seguir em frente… Até Copacabana, km 35, Princesinha do Mar, onde o sol se fez presente e muitos corredores _ inclusive eu _ sentiu e teve que reavaliar os planos para conseguir completar a prova.
Após a virada na Princesa Isabel, temos os 4 kms finais rumo ao objetivo e a linda paisagem da Baia de Guanabara com o Pão de Açúcar à direita. É ter raça e força para cruzar a linha de chegada e comemorar.
Com relação à logística, fiquei quase uma hora para retirar o kit no primeiro dia de entrega. Tenho a impressão que pensamos pequeno demais, pois, em eventos esportivos similares no exterior, a estrutura é muito maior _ como o final de semana da Maratona da Disney, com mais de 20 mil inscritos. Dessa forma, penso que, se o Rio de Janeiro deseja ter a maior e mais bonita maratona de rua das Américas, deveria repensar esses pontos que, na minha visão, são básicos.
Marcelo completou sua sexta maratona em 3h50m29s na 844 posição.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”