Espaço do Atleta: Marcelo Telles Ribeiro na Meia Maratona de Lisboa

Corri, nesse último domingo (19/3), a Meia Maratona de Lisboa. O programa foi perfeito, pois uni a corrida com viagem de turismo com meus pais e filhos, e, coincidentemente, no Dia dos Pais, em Portugal. Mas, um olhar mais apurado e crítico, me faz refletir o quão boa a prova poderia ser… Então, vamos lá…

A inscrição é fácil e barata. Custou 33 euros, feira há nove meses pelo site. A organização, com o intuito de divulgação do evento, tem parceria com a TAP e se consegue um voucher com desconto promocional de 10% para o corredor e também para o grupo que o está acompanhando.


Na retirada do kit,  não é solicitado nenhum documento de identificação e  atestado médico. O kit é bem simples, podendo escolher o tamanho da camiseta na hora. Não veio os alfinetes para a fixação do número e o chip é fixado na parte posterior do próprio número.
No dia da corrida, eles têm uma parceria com a empresa de transportes e quem está com o dorsal (número de peito da corrida) pode ir e voltar do evento. A logística de largar em um local (Almada) e chegar em outro (Mosteiro dos Jerônimos) traz alguns desafios para os corredores, principalmente  por não ter serviço de guarda-volumes. No trajeto de trem até Almada, há corredores dos diversos países (principalmente da Europa), que vão prestigiar a prova, que tem o selo gold da IAAF.
Bandas de rock e show circense foram algumas das atrações na largada. Como o número de banheiros químicos é relativamente reduzido, os corredores, de ambos os sexos, usam o jardim da colina, do caminho até a Ponte 25 de Abril, para fazer pipi.
Quando descemos para a largada, há divisão entre os corredores da mini-maratona (7 km) e o da meia maratona. O monumento do Cristo Rei é imponente e, para os cristãos (meu caso), é mais uma benção. Música alta, alongamento e a preparação para a largada, que não tem baias por tempo.
É dada a largada (shoot gun) e o inicio é muito lento, pois há um afunilamento. A pista, tanto à direita quanto à esquerda, o piso é uma estrutura metálica e correr por cima dela não é recomendável.
Até o km 4 fui no bonde de 6m/km, um pouco acima do que tinha planejado para fazer um sub 2h com a minha filha Maria Clara, que estava estreando na distância, em uma data especial, pois também tenho dois tios falecidos que faziam aniversario junto com a celebração de São José. Nesse ponto foi o primeiro de abastecimento de água. Se corre por  um longo trecho plano às margens do Rio Tejo, passando por pontos turísticos, como o Mercado da Ribeira. A pista permanece estreita e, pelo número de corredores, é difícil você conseguir aumentar o pace. Nesse ponto, já estávamos buscando os 5m40s/km para encaixar o ritmo, pois dividi a prova em 3 partes de 7km cada para monitorar o tempo e a sensação de esforço. Comento isso, pois já fui marcador de pace de 2h da Mizuno 21Km no Rio e em São Paulo. Vi que muitos corredores diminuem, consideravelmente, o pace entre o km 15 e 18.
Na outra pista, no sentido inverso, os líderes da prova já estão retornando, semelhante à final da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro. Entre os kms 10 e 13, voltamos a ter um trânsito de corredores, pois a pista era compartilhada com os corredores/caminhantes da mini-maratona, que, pelo trajeto, estavam à direita e a meia maratona seguia em frente pela esquerda. A partir do Km 14, passamos com 1 minuto acima do previsto para o sub 2h, mas com a sensação de esforço, de 0 a 10, em 7. Ou seja: havia perna, vontade e raça para ir buscar essa diferença nos quilômetros finais. Minha filha, estudante de medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF), estava gravando alguns vídeos para as amigas que fazem parte do time e praticam esportes como lembrança. Por mais distante que você esteja, as pessoas importantes podem estar contigo.
No km 17, encontrei o corredor Luiz Repis, que corre na assessoria esportiva Runners Club. Ele disse: “pensei que estaria à minha frente”. Isso porque, normalmente, corro para 1h45m os 21km. Apresentei a Maria Clara e falei: “estamos indo buscar o resultado”.
Viramos no último cotovelo (uma curva de 180º). Ingerimos o último gel para correr em um ritmo de 5m30s/km e tentar o tão sonhado sub 2h ….e CONSEGUIMOS! Tempo de 1h59m59s!
Para mim, um presente, um milagre, uma emoção ! Para Maria Clara, a sensação foi de superação. Ela se achou que foi rápida demais, pois, nos treinos longos que fizemos, era demasiadamente chato permanecer correndo depois de 1h30m…. mesmo com as lindas paisagens do Rio…. Mas Lisboa tem o lindo Mosteiro dos Jerônimos ao fundo.
Fomos para a dispersão. Como tinha muita gente, demoramos a sair da área. O kit, além da medalha, tinha banana e um achocolatado. Depois do funil, muitas fotos. Retornamos para o hotel de trem e metrô. Saltamos na estação do Marquês de Pombal, onde tiramos mais fotos para eternizar o momento.
As inscrições para 2018 estarão disponíveis em breve no site (http://www.maratonaclubedeportugal.com/corrida/edp-meia-maratona-de-lisboa ). Para você, uma boa prova e aproveite a cidade dos nossos descobridores ! E em breve, divulgarei o vídeo no YouTube ! Mas por enquanto, vou turistando e me preparando para correr na cidade do Porto, no próximo sábado (25/3).

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."