Não sou de fazer textão ou passeata por aqui, mas hoje falarei sobre um tema do qual gosto bastante. Sim, eu fiz os 75km da APTR e, particularmente, não tive problemas com marcação etc. Acompanhei os relatos de muitas pessoas, alguns bem exaltados, outros com críticas que, para mim, são coerentes e devem ser levadas à organização. Mas meu textão não é sobre a APTR, é sobre mim.
Eu amo o meu esporte e eu simplesmente aceito a montanha que tiver que subir, aceito a chuva que estiver caindo, aceito a lama dificultando as passadas, o terreno escorregadio. Acima de tudo, aceito que há fatores fora do meu controle. Eu levo e uso a minha manta térmica, eu levo um casaco mesmo sob sol, eu apito se estiver perdida ou machucada. Eu entendo e acolho quando a organização me corta, ainda que eu esteja no limite do tempo, em razão das condições climáticas. Quem me conhece sabe o quanto eu investi de tempo, dinheiro e treinamento para ser cortada em uma corrida na Romênia depois de me perder três vezes.
Toda vez que alinho para uma prova, e ainda que a organização ofereça alimentação e hidratação, procuro levar comigo o máximo que conseguir, ser o mais independente possível da estrutura da prova. O preço que pago é uma mochila pesada, mas com toda a segurança da qual eu puder me cercar. E, apesar de tudo isso, eu simplesmente amo estar ali, eu me dedico àquele momento com todo o meu coração.
O meu textão vai apenas para sinalizar que todos devemos fazer apenas o que gostamos. Repito, os problemas na organização devem ser reconhecidos, discutidos e reconsiderados, mas como amante (e amadora) do trail que sou, quero que o meu (nosso) esporte evolua da melhor forma, o que exige também dos atletas uma maior familiarização com os equipamentos obrigatórios e outros fatores ligados à modalidade.
É isso, minha gente… Não se barganha com equipamento obrigatório, não se barganha com a montanha. Vida longa aos das montanhas! E uma excelente corrida aos adeptos do asfalto! Cada um na sua batida…. bjs
Maria Silvia Resende
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”