Em 2017 completa-se 9 anos que troquei as corridas de rua por explorar/correr trilhas e estradas. Nesse tempo subi e desci montanhas, rios, riachos, enfrentei lamas, charcos, brejos e muitos outros terrenos e situações que somente a natureza pura pôde me oferecer. O objetivo era avançar para frente ou para cima em busca de uma nova modalidade que estava nascendo no cenário das corridas: o Trail Running.
Passei por muitos momentos de pódio, vistos de cima e de baixo, sempre buscando os caminhos para ser o melhor. Com muitos treinos, busquei especialistas que me conduzissem para o melhor caminho da preparação esportiva, passei por lugares mágicos e inóspitos também que me oferecessem o desconforto ideal e necessário para uma melhor adaptação para momentos de exigência real nas provas.
Encarei os treinos intervalados em rampas de terra, grama, paralelepípedos, corridas em canaviais com sol brilhando de forma individual e em 100% do treino, trilhas onde a chuva sempre fazia questão de habitar, caindo sem parar ou deixando sua marca em terrenos bem molhados, causando um desafio a mais para passar rápido. Também passei por rodovias onde a referência era o fim das longas retas ou subidas intermináveis, além das pistas de atletismo com suas voltas de 400 metros de borracha ou carvão vegetal, onde buscava o controle do estresse mental, das articulações e dos músculos envolvidos.
Mas, confesso que em todos esses momentos e tempo que estou no trail running não havia realizado um treino que sempre quis fazer desde então. Um treino Sem Rumo.
Talvez por sempre ter em mente buscar o máximo do rendimento físico e mental, sempre a melhor subida, a descida sem muito impacto articular, terminar logo para melhor atender ao próximo, ou estar a tempo para o próximo compromisso. Afinal, também sou pai 1, pai 2, pai 3, marido e ex-marido, filho, amigo, professor, técnico de corrida, diretor técnico da JVM TRAIL RUN, poeta (adoro escrever), corintiano, gosto do Batman e do pica pau, o Chaves não perdi, ufa…
Sou um sonhador também, mas sou do tipo que sonha acordado.
Faço tudo isso com muito afinco e amor, pois é uma bateria que me recarrega todos os dias, mas o treino que sempre pretendia fazer era adiado por ter que esperar pelo próximo momento chave.
E esse dia chegou. Foi no domingo, 22 de janeiro de 2017, com partida às 17h20 do lugar onde tudo começo em minha vida de corredor: a casa da minha mãe.
Era um final de semana com os meus filhos e às 16h40 parti rumo à casa deles para deixá-los com a mãe. Eu disse: Bu, Pi, papai vai fazer o treino mais importante da vida hoje. Pietra ainda questiona dizendo que corro todos os dias. E respondo que ela está certa, mas que nunca faço isso Sem Rumo.
Cheguei na casa de minha mãe às 17h30, já trocado e disse que iria treinar na trilha e ficaria lá até escurecer. “Quero correr Sem Rumo e sem pressa de voltar”.
Minha mãe mora próximo a uma reserva, rodeado por trilhas de todas as formas, diversidades de inclinações, animais e outras surpresas que a natureza possa nos oferecer.
Sempre treinei lá, mas com o objetivo de ser o mais eficiente, o mais rápido, o mais educativo (aula), enfim, nunca para mim e por mim e nunca para correr Sem Rumo.
Foram 2h48, 30 km, muita chuva que tio Pedro mandava para acompanhar o sol passo a passo em seu regresso para o outro lado do mundo. Pude voltar para casa de mãe com a sensação de que sim, eu consigo e posso correr Sem Rumo.
Foi maravilho andar nas paredes de terra, trotar e ver o suor caindo pingo a pingo nas subidas insanas, saltitar nas descidas sem me preocupar em acelerar. Gosto de explorar cada metro do lugar sempre que sempre passo, mas nunca tenho tempo de curti-los.
Sabe aquele lugar que você está de verdade de corpo e alma? Eu estive lá.
“Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? – Fábrica de mentes.
Por isso: NEVER STOP EXPLORING
Peguei minhas ferramentas e parti
Tênis: TNF Endurance na cor azul para manter o gosto
Viseira: tecnologia para não cair suor nos olhos e me proteger da vegetação mais baixa
Pernito: para proteção muscular e das canelas contra a vegetação rasteira
Regata: para sentir de vez o clima das montanhas e trilhas molhadas
Garrafinha de 100 ml + 1 gel
Pós-treino: AminoVital para um melhor recrutamento muscular.
José Virgínio de Morais
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”