Acompanho a Mizuno Uphill Marathon desde a primeira edição, através dos vídeos e depoimentos dos participantes. Confesso que, apesar de ser uma prova desafiadora, nunca me empolgou ao ponto de querer participar. Comecei a mudar de ideia depois da edição de 2015, após ver os relatos emocionantes de alguns conhecidos. Resolvi me inscrever para o sorteio da edição de 2016. Sem muita esperança, escolhi somente os 42km. Na época, eu pensei que se eu fosse subir a serra, teria que ser na distância mágica da maratona.
Curiosamente eu esqueci a data do sorteio. Lembrei quando vi um colega de equipe vibrando com seu nome na lista. Lembro que estava no trabalho e procurei um computador para ver a lista dos sorteados. Quando vi meu nome, fiquei feliz e ao mesmo tempo, com medo. Medo da prova, da distância, da serra, do fracasso. Mesmo sendo praticante de corridas em montanhas e trilhas, tinha nas subidas o meu maior defeito. Naquele dia, a prova começou para mim.
A pior parte da maratona são os treinos. Foram 12 meses de treinos, provas, lesões e dificuldades. Deixando coisas importantes de lado para superar mais esse desafio. Abortei até uma outra maratona. Eu só pensava na Uphill. Na solidão dos treinos longos, aprendi a ouvir melhor o meu corpo. Aprendi a dosar melhor o meu ritmo. Estava pronto!
Enfim chegou a data da viagem. Por uma falta de sorte, tive a bagagem extraviada. Nela estavam todos os meus equipamentos, remédios, tudo que era necessário para a corrida. A mala só me foi entregue às 0h30m do sábado (dia da prova). Só neste momento consegui relaxar e finalizar a preparação para a corrida. Pouco antes das 15hs, já estava alinhado no pórtico de largada.
Na prova em si, usei como estratégia correr a primeira metade pouco abaixo de 2hs, passar no ponto de corte (Km 24) com tempo de sobra e, a partir daquele ponto, correr pelo tempo que pudesse e andar no restante. Tentei calcular o ritmo para não estourar o tempo limite de 6 horas. No meio da serra, já sem a luz do sol, a neblina tomou conta e mesmo com a lanterna, a visibilidade era precária. Conseguia me guiar apontando a luz para as faixas no asfalto.
Quando faltavam 7km para a chegada, a surpresa: meu GPS e os dos demais apontavam que faltavam 5km. Para piorar, começou a chover bastante. Fiquei desesperado! Pelas minhas contas, iria estourar o tempo limite. Não conseguia mais correr. Naquele momento, olhava para cima e só conseguia ver as luzes dos postes, cada vez mais altas. As curvas estavam mais fechadas, o trajeto estava mais inclinado e o frio cada vez maior. Só me restou tentar andar o mais rápido possível e torcer para chegar a tempo. Muito depois surge um motoqueiro que disse: “Vamos lá, só faltam quatro curvas!”. Segui andando, contando as curvas até chegar no platô e começar a ouvir, bem de longe, o som da chegada. Olhei para o relógio e comecei a chorar quando vi que completaria dentro do tempo limite. Assim fui até o final. Nunca vibrei e chorei tanto ao cruzar uma linha de chegada. Foram 5h53m de muita emoção, sofrimento e lágrimas.
Agradeço, de coração, ao meu treinador, a minha nutricionista, aos amigos e familiares que me apoiaram e acompanharam ao longo de todo esse processo. Agradeço também ao grupo dos Ninjas do RJ, por toda a vibração e apoio entre os membros e aos amigos que fiz ali.
Completei a minha quinta maratona e, sem dúvidas, uma das mais especiais da minha vida! Agora sou um Ninja!”
Enfim chegou a data da viagem. Por uma falta de sorte, tive a bagagem extraviada. Nela estavam todos os meus equipamentos, remédios, tudo que era necessário para a corrida. A mala só me foi entregue às 0h30m do sábado (dia da prova). Só neste momento consegui relaxar e finalizar a preparação para a corrida. Pouco antes das 15hs, já estava alinhado no pórtico de largada.
Na prova em si, usei como estratégia correr a primeira metade pouco abaixo de 2hs, passar no ponto de corte (Km 24) com tempo de sobra e, a partir daquele ponto, correr pelo tempo que pudesse e andar no restante. Tentei calcular o ritmo para não estourar o tempo limite de 6 horas. No meio da serra, já sem a luz do sol, a neblina tomou conta e mesmo com a lanterna, a visibilidade era precária. Conseguia me guiar apontando a luz para as faixas no asfalto.
Quando faltavam 7km para a chegada, a surpresa: meu GPS e os dos demais apontavam que faltavam 5km. Para piorar, começou a chover bastante. Fiquei desesperado! Pelas minhas contas, iria estourar o tempo limite. Não conseguia mais correr. Naquele momento, olhava para cima e só conseguia ver as luzes dos postes, cada vez mais altas. As curvas estavam mais fechadas, o trajeto estava mais inclinado e o frio cada vez maior. Só me restou tentar andar o mais rápido possível e torcer para chegar a tempo. Muito depois surge um motoqueiro que disse: “Vamos lá, só faltam quatro curvas!”. Segui andando, contando as curvas até chegar no platô e começar a ouvir, bem de longe, o som da chegada. Olhei para o relógio e comecei a chorar quando vi que completaria dentro do tempo limite. Assim fui até o final. Nunca vibrei e chorei tanto ao cruzar uma linha de chegada. Foram 5h53m de muita emoção, sofrimento e lágrimas.
Agradeço, de coração, ao meu treinador, a minha nutricionista, aos amigos e familiares que me apoiaram e acompanharam ao longo de todo esse processo. Agradeço também ao grupo dos Ninjas do RJ, por toda a vibração e apoio entre os membros e aos amigos que fiz ali.
Completei a minha quinta maratona e, sem dúvidas, uma das mais especiais da minha vida! Agora sou um Ninja!”
Regys Louzada
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”