“Falar da Volta à Ilha (realizada no dai 16 de abril) é algo difícil. Foi a terceira vez que vim participar dela e cada vez que volto nela, é sempre uma experiência muito diferente da outra. Para vocês terem uma ideia, são 140km numa das capitais mais bonitas deste Brasil, com percursos que incluem asfaltos, subidas, descidas, trilhas e, principalmente, muita areia, seja ela bem dura em algumas das praias e em outras, fofa. Mas acima de tudo, a Volta à Ilha é uma das poucas corridas que temos em que o mais importante de tudo é a amizade, companheirismo e acima de tudo, a paciência. “Correr ela, é a parte mais fácil da brincadeira” como diz minha amiga Katia Altimore que correu comigo nessa.
A Volta à Ilha começou para mim em novembro, quando praticamente repetimos a mesma equipe que foi 9ª colocada na categoria aberta mista no ano passado, com pequenas e pontuais mudanças. Com o time formado, entramos no sorteio e conseguimos a vaga. A partir de então, foram reuniões mensais, muitos treinos no calor escaldante do verão contando com a camaradagem dos meus amigos Kátia, Rose, Rosa, Robson, Bruno, Rafael, Ronaldo e Alexandre, junto com o Silvio, que topou ser nosso staff.
Uma grande particularidade da Volta à Ilha é você ser obrigado a ler o regulamento da competição e estar atento a possíveis punições que podem acontecer com sua equipe. Na véspera da viagem, a Rosa nos comunicou que estava doente e não teria condições de estar conosco. Fomos obrigados a fazer mudança em nossa estratégia a ponto da Rose ter que dobrar e o Alexandre, que foi de reserva, pegar outro trecho.
Estratégia refeita, pegamos uma Floripa com cara de Rio 40º o que não foi nenhuma dificuldade para nós. Nossa largada foi as 6h15m, com a Katia disparando na frente e depois foi a vez da Rose e seus dois trechos, incluindo o que pega o banana boat para seguir para a praia da Daniela, onde o Robson assumiu e eu o aguardava em Jurerê para começar a minha vez.
Meu primeiro trecho foi de 5,4km, largando numa areia bem durinha, que dava para apertar um pouco o ritmo e logo pegamos uma esquerda para encarar um pedaço de asfalto com duas subidas e descidas para retornar para a areia até a praia de Cachoeira de Bom Jesus. Neste momento, o vento estava contra, o que me segurou um pouco.não permitindo uma evolução. Mesmo assim, fechei em 26 minutos o trecho, sendo que a previsão inicial era de 27 minutos. Consegui 1 minuto para minha equipe dando vez ao Bruno.
Assim que achei o micro-ônibus da equipe, tivemos problema com nosso motoqueiro quando saia com o Robson de Jurerê. O pneu furou e eles estavam presos no caminho, aguardando chegar o borracheiro. Bateu um medo de ferrar nossa logística e continuamos com nosso micro em direção à praia Brava, onde o Rafael correria e o Ronaldo teria que pegar a moto e ir para os Ingleses. Lá, conseguimos que ele pegasse uma carona com outra equipe o que nos aliviou um pouco.
Quando o Bruno chegou, estávamos de saída para o trecho seguinte. E o Robson conseguiu chegar e seguimos com nossa corrida. Buscando o Ronaldo para passar a vez para Kátia novamente correr o trecho da Duna, com direito a água no pescoço no leito do Rio. O Alexandre iniciando sua participação, a Rose pegando ladeira indo para Joaquina e o Alexandre correndo seu trecho previsto para me passar a vez no Campeche, onde comecei de novo, num calor de 35º.
E foi nesse trecho que corri melhor. Foi outro de 5,4km com areia dura, onde mantive meu pace abaixo de 5 minutos por km o tempo todo, incluindo no pedaço de asfalto com uma subida, onde passei no 5km com 24 minutos até cair na areia movediça da Armação, que era muito fofa e impedia qualquer evolução mais forte. Mesmo tentando correr no mato, entreguei meu trecho novamente em 26 minutos e o Ronaldo seguiu dali.
Já mais tranquilo, o momento passou a ser de apoio aos meus amigos a bordo. Mais uma vez Rafael pegou o trecho do chamado “Morro Maldito”, que foi brincadeira para ele, que entregou em 1h05m os quase 17km, e o Bruno nos 15km seguintes, acabou sentindo a perna e terminou mancando, mas chegou. Coube ao Robson fechar os últimos 6,4km, onde o aguardávamos na Beira-Mar Norte e cruzamos a linha de chegada 12h40m. Com o desconto do tempo do barco, nosso tempo final foi de 12h09m.
A 21ª edição do Revezamento Volta à Ilha reuniu 4 mil atletas, e teve a paulista D-Run Bionexu Skechers II como equipe campeã geral, que levou 9h08m30s para percorrer os 140km divididos em 17 trechos, com praias, trilhas, dunas e asfalto ao redor da Ilha. A Cia dos Cavalos, de Porto Alegre, ficou em segundo, por uma diferença de quatro minutos.
Fica a pergunta: como aturar 9 pessoas dentro de um micro ônibus na maior tensão? Tirando o momento da moto com problemas, rolava muita música, conversa e até um mini baile funk. E isso com gente correndo!
Quem nunca foi, tem que um dia conhecer de perto. Não é a toa que é uma das mais desejadas provas por vários corredores. Tudo dando certo, ano que vem estarei novamente nessa com minha equipe Street Runners.”
Ricardo Erlich
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”
Show Dungó! Eu sempre achei que essa prova era muito boa. Lendo seu relato, tive a certeza, he he he he…
Super beijo…
Carolina