Espaço do atleta: relato de Rodrigo March sobre a Maratona de Toronto

A segunda é mais gostosa!
“Fiz minha segunda maratona. Não, não foi fácil. Mas foi mais fácil que a primeira, apesar do tempo maior para concluí-la. Por quê? Principalmente porque eu estava menos ansioso pressionado por mim mesmo. Afinal, já havia feito a primeira.
Foi no dia 1º de maio, em Toronto, no Canadá. Eu prometi correr a segunda com o amigo Tarso, que me acompanhou na primeira, no Rio de Janeiro, em julho. Mas não conseguimos conciliar porque ele já tinha uma viagem internacional com a família meses antes. Portanto, de cara, essa seria – e foi – a minha principal dificuldade: correr sozinho 42 km não é mole! E o Tarso é garantia de papo para uma ultramaratona…rs
Porém, não foi a única dificuldade. Outras vieram pelo caminho. No fim de janeiro, lesionei a panturrilha em um treino bobo com o amigo Iúri Totti. Voltei logo após o Carnaval. E, quando ia engrenar nos longões, a pouco mais de um mês antes da largada, voltei a sentir a perna. Fui ao médico e triatleta Sérgio Maurício, que não jogou a toalha. Disse que, se eu fizesse tudo direitinho, ainda teria tempo.
Passei então aquela semana de molho, só pedalando na academia e iniciando a fisioterapia. Na semana seguinte, voltei a correr. Resultado: fui para a corrida tendo feito apenas dois treinos longos, um de 20km e outro de 25 km.
Viajei no 28 de abril, chegando no dia 29, quando peguei o kit da prova, promovida por uma rede de academias (Good Life Fitness). Na véspera, fiz um turismo leve, para não andar demais, e à noite comi aquela massa preparada pelo casal de amigos que me hospedava. Aliás, a visita aos dois foi o motivo da viagem. Nesse dia, descubro que havia outra maratona com largada em frente ao prédio onde estava, era só descer…rs
A comemoração
Mas lá fomos nós para a largada mais distante. Meu amigo Bruno Cerbino, que acordou cedo para nos levar e comprou o café especial (banana, aveia e óleo de coco = receita do nutricionista Bruno Chlamtac), e minha mulher, Fernanda Freitas, que largou uma hora depois para a sua primeira meia maratona.
Ah, na véspera, tive que comprar um casaco contra o vento e a chuva, porque essa era a previsão do tempo. Não deu outra. E essa foi a última dificuldade.
Depois de um tempo na fila do banheiro, como nos meus primeiros 42 km, me despedi de Fernanda e Bruno e larguei com chuva e sensação de 4 graus. Antes, li um bilhete de incentivo que o Tarso mandou me entregar. Show!
A primeira metade da prova foi a pior por causa do psicológico. Havia marcação do percurso a cada quilômetro. E, sem a companhia para me distrair em uma conversa, parecia sempre que faltava uma eternidade.
A recepção
Com o frio, foram alguns pit stops no caminho para fazer xixi. O primeiro em uma cafeteria famosa no país e os demais em banheiros químicos. Prova com boa estrutura. A cada parada, ganhava um novo gás…rs
Também fiz alguns alongamentos rápidos durante o trajeto, devido a um incômodo no joelho. Foram fundamentais. Dica do fisioterapeuta Rodrigo Pinheiro.
Nessa primeira metade, a prova se encontra com os corredores da meia, mas não avistei Fernanda. Após os 21 km, relaxei um pouco, pois vi que tinha condições de completar, a panturrilha não incomodava e a marcação de quilometragem ficou mais espaçada.
Aí veio o vento contra, pois a metade final era beirando o Lago Ontario. Andei alguns trechos nos pontos de hidratação a partir do km 30, confesso. Mas do km 37 até a chegada, engatei direto nos 5 kms finais, tamanha era a vontade de chegar.
Comemorei da mesma forma que no Rio, levando os braços para o alto. Se bem me lembro, cheguei ouvindo uma música do The Who. À direita, avistei na grade: Bruno, sua mulher Fernanda com a irmã Luciana e mais a minha Fernanda, que também completou a sua prova.
Foi emocionante. Terminei me sentindo bem. Recebi uma medalha gigante e me enrolei naquelas “mantas” de alumínio contra o frio. Sempre quis isso…kkk
Fernanda, eu e as medalhas
Já estou seco para voltar, pois me dei uns dias de férias, como um jogador de futebol após a temporada…hehe
Se vou tentar outra? Certamente. Só não penso mais em treinar no calor escaldante que faz no Rio nos meses de janeiro a abril. Portanto, provavelmente, a próxima prova será no segundo semestre de 2017.
Para quem se interessar, eis o link da corrida: http://www.torontomarathon.com/ Muito bem organizada e utilizada pelos interessados em se qualificar para maratona de Boston, por causa do percurso. Bem, é o que dizem.
Outra maratona na cidade: http://www.torontowaterfrontmarathon.com/
Abs
 

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."