Por Diego Carvalho.
Bariloche, região da Patagônia, sul da Argentina. Tempo nublado, ventos fortes e muito frio. Nada disso foi capaz de impedir a juíza Luciana Mocco de superar um grande desafio. Em março deste ano, pela primeira vez, ela participou do Ironman 70.3, competição de triatlo organizada pela WTC (World Triathlon Corporation).
Luciana enfrentou 113km de prova. Nadou 1,9km no lago Nahuel Huapi, em águas que registravam 16ºC. Em seguida, percorreu 90km de ciclismo e 21,1km de corrida. Depois de sete horas e 53 minutos, ela, emocionada, cruzou a linha de chegada.
“Foi a competição mais importante que disputei. Cheguei com todas as dificuldades possíveis. Muito frio, água gélida, pedal com vento difícil para sair do lugar e corrida com subidas e descidas. Mas minha cabeça e meu coração estavam fortes. Com foco, vontade e determinação, tudo é possível”, disse.
Triatletas no Lago Nahuel Huap durante o Ironman 70.3 Bariloche
A juíza completou a prova três horas depois da vencedora, a triatleta profissional Alicia Kaye, dos Estados Unidos. Mas, para uma atleta amadora, que um ano antes do Ironman tinha medo de nadar no mar e somente começava a disputar competições de triathlon, foi uma enorme conquista. Magistrada há 15 anos, Luciana já era adepta das corridas quando teve vontade de praticar o novo esporte. Em 2016, ela começou a se preparar:
“Retomei a natação, uma modalidade que praticava na infância e me dava muito prazer. Fiquei aproximadamente seis meses nadando na piscina e correndo. Foi quando decidi comprar minha primeira bicicleta speed, já vislumbrando participar das provas de triatlo.”
Criado na década de 70 na Califórnia (EUA), o triathlon passou a ser esporte olímpico em 2000, nos Jogos de Sidney, na Austrália.
Em março do ano passado, Luciana participou de sua primeira prova de triathlon. A natação, no entanto, foi disputada na piscina da USP (Universidade de São Paulo). “Só venci o medo de nadar no mar em abril de 2017. A partir de então não parei mais.”
A juiza Luciana Mocco durante uma etapa do Rio Triatlhon
Atualmente, ela nada três vezes por semana em Copacabana. A juíza ainda corre pela orla e pratica ciclismo na Vista Chinesa. Nos fins de semana, Luciana costuma fazer treinos longos em estradas nos municípios de Guapimirim e Magé e na BR-040. A magistrada já participou de várias provas do Circuito Rio Triathlon.
“O triathlon assumiu um papel muito importante na minha vida. A rotina é bastante puxada, já que é necessário treinar três modalidades, além do fortalecimento muscular. Mas aprendi a ter uma disciplina com a saúde que jamais pensei em adquirir”, afirmou.
Como se não bastasse nadar, pedalar e correr, Luciana Mocco ainda joga tênis. A juíza e multiatleta foi vice-campeã do Campeonato Nacional de Tênis da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), em 2010, e do AMAERJ Beach Tennis, em 2017. Entre 2012 e 2015, foi tricampeã do AMAERJ Tennis Open, duas vezes em dupla com o marido, juiz Vitor Moreira Lima. Uma constatação de que, assim como a magistratura, a prática esportiva também é de família.
Para Luciana, que atua na 2ª Vara Criminal de Bangu, o esporte contribui muito para a profissão. “A prática de mais de duas horas diárias de treino amenizou a minha ansiedade com os problemas do cotidiano. A endorfina gera mais disposição e foco para enfrentar a rotina da magistratura estadual.”
Seja no frio de Bariloche, no calor de Copacabana, nas estradas da Baixada Fluminense ou nas quadras da AMAERJ, uma coisa é certa, lá estarão a garra e a determinação da multiatleta Luciana Mocco.
*Revista Fórum da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj)
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”