A paulista Mirlene Picin encerrou, no sábado passado (18/8), sua temporada de corridas em montanha na Espanha. Sua última competição foi o Kilometro Vertical El Ultimo Bucardo, com largada no povoado de Linas De Broto, Huesca, na Espanha, a 963m de altitude, e chegada em Pico Litros, a 2.019m de altitude, com 77 competidores entres homens e mulheres. A prova teve 4,1km e desnível positivo acumulado de 1.056m. Mirlene terminou na terceira colocação, com 53m11s, atrás das espanholas Marta Vidal Lopez, campeã com 52m01s, e Begona Mota Virto, com 52m54s. As três superaram o recorde anterior, de 55m13s, de 2017.
O pódio feminino do Kilometro Vertical El Ultimo Bucardo: Marta Vidal Lopez (ao centro), Begona Mota Virto (à direita) e Mirlene PicinMirlene participou de seis competições, subindo ao pódio em cinco oportunidades nos últimos três meses. Foram três disputas de Kilometro Vertical, com uma vitória e uma quebra de recorde, uma terceira colocação e a 19° posição na etapa válida pela Copa do Mundo (Zegama). Além disso teve duas provas de 21km, com uma vitória e uma terceira colocação. E uma prova de 10km de subida.
O Kilometro Vertical é uma prova de subida na montanha, com largada na base e o ponto final costuma ser o pico. Ela não é uma disputa de 1km de distância, mas sim de 1km de desnível positivo. As distâncias dos eventos podem variar de 2,5km até no máximo 5km morro acima. O percurso tem que ter um ganho de elevação ao redor de 1.000m, com inclinação variando entre 35% a 50%. A largada dos atletas é feita individualmente contra o relógio, dividida em baterias de 8 a 10 atletas, ou a largada em massa, como estamos acostumados em qualquer evento de corrida. Ganha quem fizer o menor tempo do ponto mais baixo ao ponto mais alto. Os bastões de caminhada são muito utilizados entre os corredores desta modalidade.
Mirlene Picin
“Foram três meses intensos de muitos treinos e uma experiência incrível de viver o que é a corrida de montanha na Espanha. As provas estão espalhadas por todas as regiões montanhosas do país em todos os finais de semana, com um alto nível competitivo tanto no masculino quanto no feminino. As provas são muito bem organizadas, com sinalização e atenção com a segurança dos atletas”, afirma Mirlene.
Os resultados em sua primeira experiência em provas de montanha na Espanha agradaram Mirlene.
“Estou muito feliz com meus resultados, pois realmente não esperava estar competitiva nesse momento. É complicado para um atleta que está começando a competir em um tipo de terreno acidentado e com muito desnível, que simplesmente não existe onde eu vivo no Brasil. E o nível técnico das atletas só me motivou mais. Na teoria, eu sabia que poderia ter melhores resultados em provas de características de subida, mas a pratica me surpreendeu. Eu nunca havia competido em provas de Kilometro Vertical, e depois dessa temporada acabei confirmando o meu ponto forte, que é subir.”
Mirlene encerra esse bloco de provas de montanha e no início do mês de setembro, ela compete em provas de ski cross country, sua modalidade em esportes de inverno. As competições acontecem no Chile, em Termas de Chillian, e são validas pelo Campeonato Sul-Americano da modalidade. Os meses de outubro e novembro voltam a ser dedicados às corridas de montanha, onde a atleta irá realizar as provas mais longas. Deverão ser de duas a três competições com distancias entre 45km a 77km.
Os resultados obtidos por Mirlene renderam mudas para o projeto de reflorestamento Podium Verde Visafertil. A terceira colocação da última prova rendeu mais 15 mudas. Por conta das conquistas da atleta, até o momento, duzentos e cinco árvores serão plantadas este ano no município de Benedito Novo, em Santa Catarina. Em 2015, foram plantadas 380 mudas. Em 2016, 290, e , em 2017, 320.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”
