Competindo pela cidade italiana de Assisi, a paulista Mirlene Picin fica em terceiro lugar em corrida na Itália. Com este resultado no 17° Giro Dell’Umbria, entre os dias 11 e 14 de abril, a brasileira é a segunda atleta da equipe na história da competição, criada em 2003, a subir no pódio. Em 2011 e 2012, a italiana Maria Cristina Daoli esteve entre as três primeiras.
Tradicional competição na região de Umbria, o 17° Giro Dell’Umbria reuniu 69 equipes e cerca de 400 corredores. O evento é dividido em quatro etapas, em quatro diferentes cidades e em quatro dias consecutivos. A organização distribui € 3,5 mil em premiação individual e por equipes.
A primeira etapa aconteceu na cidade de Castel Ritaldi, com 10,5km, no dia 11 de abril. No dia seguinte, foi em Begavna, com 9,5km. O terceiro dia de competição foi em Assisi, com 5,2km. Enfim, para encerrar a competição, foram disputados os 10km no Lago Di Pietrafitta, no dia 14.
Peculiaridades das etapas
No Lago Di Pietrafitta, a etapa mais plana em piso de cascalho. Já em Castelo de Ritaldi, há um misto de estrada de terra e asfalto, mas existe uma subida de 5km no meio do percurso. Em Bevagna, em piso de asfalto pelas ruas do centro histórico e em torno do rio que corta a cidade, há pouca variação na altimetria.
Assisi é a etapa mais diferenciada, pois há uma escalada de 5km da base da cidade até Rocca Maggiore. Os corredores percorrem vielas da cidade com passagem pela Basílica de São Francisco e Igreja de Santa Chiara de Assisi. Esta fase, entretanto, tem um formato diferente. Sua largada é individual, com cada atleta saindo a cada 20 segundos. Essa ordem era formada de acordo com a posição que o corredor ocupa na competição. Os três melhores tempos largam no final.
Experiência com sky ajuda
Após a soma dos resultados das quatro etapas, Mirlene Picin terminou em terceiro lugar. Nas três primeiras provas, ela ficou na terceira colocação e, na última, em quarto lugar.
“O formato do evento é muito legal, e também muito desafiador e intenso. Correr quatro dias consecutivos em distâncias para especialistas em corridas de rua, foi, sem dúvida, muito desgastante para mim”, afirma Mirlene Picin. “A única etapa que era a minha praia era a escalada de Assisi. Tanto que nessa etapa eu me aproximei mais das duas primeiras colocadas, que eram corredoras italianas, já que elas eram muito fortes nos 10km e meia maratonas.”
De olho nas concorentes
Para a final de domingo, Mirlene Picin tinha uma vantagem de 2m20s para a quarta colocada.
“Como não podia fazer nada em relação ao primeiro e segundo lugares, a não ser que alguma das duas corredoras tivessem um prova muito ruim, o meu foco foi controlar, principalmente, o tempo das que me ameaçavam, já que eu também não tinha energia para muita mais”, conta a corredora paulista. “O esforço foi não deixar a corredora que me ameaçava abrir muito. Por isso fiquei sempre a 30 ou 40m de distância dela. No final, ela fechou a prova 19s na minha frente, mas eu mantive 2m01s de vantagem na somatória. Isso me garantiu o terceiro lugar de todo o tour.”
A vivência de Mirlene Picin como esquiadora de ski cross country e biatlhon foi importante para ela enfrentar os quatro dias de competição.
“O que me manteve muito focada e preparada foi a minha experiência no ski cross country e biahtlon, pois as provas seguem quase o mesmo formato”, diz a competidora. “Eu já tinha uma ideia de como o meu corpo reagiria nessa sequência de esforços. Em um único final de semana na neve, por exemplo, largo de duas a três vezes, sem intervalo de descanso. São provas que variam de 7,5km a 15km, sempre muito intensas. Portanto, recuperar para o dia seguinte, não é tarefa muito fácil. Então, às vezes, chegamos a realizar cinco provas em seis dias, no campeonato sul-americano, por exemplo”.
Mirlene Picin vence prova de 42km na Espanha
Mirlene Picin é vice-campeão sul-americana de sky cross country
Classificação geral feminina
1. Cassandra Uliviere (Itália), em 2h26h48s; 2. Federica Poesini (Itália), em 2h27m34s; e 3. Mirlene Picin (Brasil), em 2h37m22s.
Acesse mais resultados
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”