Aproveitando que o “Globo Repórter”, da Rede Globo, apresentou, nesta sexta (6/4), a história de Cristiano Goldenberg, que sobreviveu após sofrer uma parada cardiorrespiratória e ficar 16 minutos “morto”, republico a entrevista que fiz com ele em setembro de 2016, quando lançou o livro “Km 19. Onde cai e levantei para recomeçar” .
No dia 12 de abril de 2015, faltando dois quilômetros para a linha de chegada da etapa carioca da Golden Four, Cristiano Goldenberg caiu sem vida sobre o asfalto do Elevado do Joá, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Após 16 minutos, o cardiologista Bruno Bussade, que vinha a poucos metros dele e parou de correr, fez massagens cardíacas com ajuda de outras pessoas e deu dois choques com um desfibrilador até ressuscitar Cristiano. Essa e outras histórias de sua nova vida, como ter voltado a correr a mesma prova um ano depois na companhia de seus anjos da guarda, o que superou e o significado que a corrida ganhou no seu dia a dia estão no livro “Km 19. Onde cai e levantei para recomeçar”.
Conversei com Cristiano sobre o lançamento de seu livro, que teve uma noite de autógrafos nesta sexta-feira (9/9), em uma livraria no Leblon, no Rio.
Capa do livro “Km 19 – Onde caí e levantei para recomeçar”, de Cristiano Goldenberg
Após o susto na Golden Four de 2015, como você define Cristiano Goldenberg? O que mudou na sua vida?
Cristiano Goldenberg: Eu levantei diferente. A visão do mundo muda. Os sentimentos mudam. E tudo pra melhor. É impossível passar por uma situação como essas sem agradecer pela vida a todo momento e fazer o bem diariamente, não importa a quem seja. O bem precisa ser praticado de forma genuína. A felicidade é algo que acontece nas pequenas coisas, nos pequenos prazeres e é importante mudar o que for preciso pra ser feliz.
O que o Km 19 representa para você?
CG: Um recomeço. Cada vez que eu passo por aquele quilômetro 19 no Elevado do Joá eu me emociono de alguma forma. Ele foi o uma nova oportunidade de vida que me foi oferecida.
Qual a mensagem que você quer passar com o livro?
CG: Uma delas é que precisamos agradecer mais e reclamar menos. Se estamos reclamando muito, precisamos estar atentos para mudar o que for preciso pra reclamação virar agradecimento. Outra mensagem é que, apesar de tantas notícias ruins que vemos diariamente nos jornais, na televisão, no rádio e na internet, o bem ainda prevalece. Não podemos nos contaminar com tudo de ruim que tomamos conhecimento. Viver vale muito a pena e o mundo é construído pelas ações individuais de cada um de nós, não podemos ficar o tempo inteiro culpando o outro pelas coisas que não funcionam. O medo bloqueia nossas melhores ações: a coragem é a melhor companheira nesses momentos. São muitas as mensagens ao longo do livro.
Como está sua relação com seu coração?
CG: Em paz! Agradeço diariamente ele ter voltado à bater.
Está com alguma restrição para correr?
CG: Nenhuma! Felizmente. Estou liberado para todo e qualquer esporte, mesmo depois de ter implantado um cardiodesfibrilador implantável, (CDI) que monitora meu coração 24h por dia.
Que cuidados tem tomado com sua saúde?
CG: Eu durmo e acordo agradecendo pela vida e vivo feliz: acredito que essa é a melhor receita para a saúde. Continuo praticando exercícios físicos.
Seu “anjo da guarda” Bruno Bussade passou a ser seu médico?
CG: Oficialmente não. Muita gente pensa que sim, mas meu cardiologista é o Dr. Leonardo Arantes, que fez a cirurgia de implante do CDI. Tenho certeza que, oficiosamente, Bruno e os outros médicos cardiologistas que fizeram parte dessa história – Fabrício Braga e Marcelo Kalichsztein – também são meus cardiologistas.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”