*Do blog BT Experience
Já perdi a conta de quantas vezes ouvi essa pergunta. A resposta mais simples e direta: porque eu gosto! Na verdade é muito mais que isso. Realmente gosto muito, mas mais do que simplesmente correr, gosto da experiência como um todo.
Estar em contato com a natureza, correr sozinho ou correr entre amigos, escolher uma prova e me preparar verdadeiramente para ela. Estudar o percurso, a história do local, o regulamento, equipamentos obrigatórios, estratégias, imprevistos e etc. Gosto do treinamento e da expectativa.
Procuro provas longas, as mais longas possíveis, acima dos 200km, non stop. E, quando possível, as que estejam em suas primeiras edições, com poucos corredores. Dessa forma, provavelmente estarei sozinho durante boa parte do percurso. O estar sozinho me permite uma grande introspecção. Costumo chamar de corrida meditativa.
Acredito que a meditação, mais do que estar em uma posição búdica, tem relação com estar integralmente na ação, totalmente atento, no verdadeiro presente. Como as crianças em suas brincadeiras. Nada pode incomodá-las. Uma conexão com o Divino. Qualquer que seja Ele para você.
Nessas provas, mais importante que a velocidade é a sensação de esforço, por causa das alterações no terreno e altimetria. E, depois de uma boa quantidade de horas de prova, parece que simplesmente alcanço uma velocidade de cruzeiro e a sensação é que poderia seguir correndo indefinidamente até finalmente, ultrapassar o Forrest Gump.
Ficamos mais focados. Muitas vezes, é a cabeça – e não o físico – que determina se você fará ou não uma boa corrida, se vai completar ou desistir. Você escolhe e determina.
Passamos por lugares incríveis, como a cidade onde nasceu Pedro Álvares Cabral. O lugar onde, segundo o Novo Testamento, Jesus fez o milagre da multiplicação. Na Floresta Amazônica, no trecho onde os organizadores juram que tem a maior concentração de onças do mundo. No ponto mais baixo do Ocidente, no Vale da Morte, onde é possível fritar ovos no asfalto. E a lista segue. E aí, no pós-prova, conseguimos fazer vários paralelos com o nosso dia a dia e tirar muitas lições. E você? Por que corre? Conte para mim! Mande um e-mail para [email protected].
Abraços e bons ventos.
Mauro Chasilew é professor de Educação Física e empresário. Participa de provas longas de corrida de aventura desde 2003 e de ultramaratonas desde 2007, entre elas, a corrida de aventura na Patagônia Chilena, com 1.112km.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”
Conheço o Mauro há uns 10 anos e sua experiência em provas longas é incontestável, um grande atleta e sempre pronto a ajudar o próximo
Conheço o Mauro há uns 10 anos e sua experiência em provas longas é incontestável, um grande atleta e sempre pronto a ajudar o próximo