Carlos Botelho e Ana Giovanelli vencem os 100km da Indomit Costa Esmeralda

A largada dos 100 km aconteceu no Píer de Porto Belo. Foto: Kelvin Schitcoski

A edição 2016 da Indomit Costa Esmeralda foi marcada por atletas novatos dividindo o pódio com veteranos, principalmente nas provas de longa distância. Nos 100km, Carlos Botelho, de 25 anos, levou a melhor, enquanto Ana Giovanelli faturou o bicampeonato. Nos 80km, Geison Ignácio foi tricampeão e Camila Feijó obteve o título em sua estreia na distância. Já nos 50km, Rafael Sodré dividiu o primeiro posto com o marroquino Kemissa Abderrahim.
No último final de semana (28 a 30/10) a Indomit Costa Esmeralda agitou as cidades catarinenses de Bombinhas e Porto Belo com a presença de cerca de 1.400 pessoas, entre atletas e acompanhantes. A primeira largada aconteceu às 22h de sexta-feira (28) no Píer de Porto Belo para a distância de 100 quilômetros e já na madrugada de sábado, a 1h, saíram os participantes dos 80 km.

Carlos Botelho comemora sua primeira vitoria nos 100 km. Foto: Kelvin Schitcoski

Depois de percorrerem um pequeno trecho urbano, os atletas subiram o morro do Bicudo com suas trilhas de single track e subidas íngremes, encararam praias com maré alta e água na altura das canelas e, já com a companhia dos primeiros raios de sol, subiram e desceram o Morro do Macaco, com 800m de desnível.
Às 7h largaram os inscritos nos 50 km, às 11h foi a vez dos 21 km, 14h dos 12 km e 18h dos 5 km, essa última com parte da renda obtida com as inscrições sendo revertida para a instituição Oncoguia, que oferece assistência psicológica e jurídica a pacientes com câncer. Durante toda a prova, os postos de abastecimento forneciam aos corredores todo o suporte necessário para seguirem em frente, oferecendo água, isotônico, água de coco, sopa, torta salgada, frutas secas, bolachas doces e salgadas.
Nos 100km, o atual campeão Giliard Pinheiro sentiu um desconforto estomacal e abandonou a prova antes da metade, deixando caminho livre para o novato Carlos Botelho vencer sua primeira prova nos 100km, com o tempo de 10h55m45s.
“As trilhas estavam muito difíceis, tinham alguns segredinhos escondidos, mas valeu muito a pena. Correr com essa paisagem, ver o sol nascendo do alto do Morro do Macaco não tem preço”, ressalta o paulista. “Larguei atrás só observando os primeiros, no quilômetro 30 eu estava com o segundo colocado e o Giliard, mas depois do abandono dele não vi mais ninguém. Esse resultado foi um grande sonho realizado”.
A segunda colocação ficou com Jovanir Macedo (11h08m50s), seguido por Marcus Borges (11h21m08s). O pódio foi completo ainda pelo treinador e ultramaratonista carioca, Manuel Lago, e pelo espanhol Jose Manuel Gasca.
“Estou acostumado às montanhas da Europa, então correr no Brasil em praias e terrenos acidentados dificulta bastante”, relata Gasca que, em maio passado, venceu a Indomit Mendoza, na Argentina.

O pódio feminino nos 100km, com Ana Giovanelli comemorando o bicampeonato. Foto: Kelvin Schitcoski

Entre as mulheres, Ana Giovanelli faturou o bicampeonato com o tempo de 13h24m27s.  A segunda colocada foi Ivonete Loes Wild (14h58m25s) e a terceira Anemari Calixto (15h53m48s).
“A prova estava mais difícil do que a do ano passado, com muitos morros e trechos de maré alta que desgastavam a musculatura”, comenta a curitibana, que cruzou a linha de chegada muito emocionada. “Esse ano estou vindo de lesão, sofri muito nos treinos e cheguei a pensar em não vir para a prova. Mas valeu muito a pena correr e conseguir o bicampeonato”, afirmou Ana, que foi recebida na linha de chegada por uma torcida organizada formada por amigos e familiares.
Nos 80km, com 10h06m59s, Geison Ignácio conquistou o tricampeonato, mas não teve vida fácil, pois Maicon Cellarius vinha em seu encalço durante toda a disputa, fechando sua prova em 10h14m08s. Israel Mafra foi terceiro, com 10h49m54s.
“Acho que vou me manter nos 80km até alguém conseguir me vencer”, brinca o campeão. “Não conseguimos correr em algumas praias, então dificultou a prova. Eu mantive um ritmo constante, mas no final acelerei para garantir a vitória”.

No feminino, Camila Feijó estreou na distância e garantiu vitória com o tempo de 10h22m51s e uma boa vantagem em relação à segunda colocada, Oceni Primo, com 11h27m34s. A terceira colocada foi Hallyne Bergamini Caetano, com 12h20m13s.
“Foi um grande desafio e deu tudo certo. A prova foi bastante difícil, principalmente a parte da noite, mas fiz um planejamento legal de treinos e fiquei bastante feliz com o resultado”, comenta a carioca.

Já nos 50km masculino, o carioca Rafael Sodré e o marroquino Kemissa Abderrahim dividiram o alto do pódio. Os dois correram o tempo todo lado a lado, se ajudando até o final.
“A corrida de montanha tem esse espírito. Não é só uma competição, é uma amizade acima de tudo, que faz a diferença em nosso esporte”, afirma Sodré, cabo do BOPE. “Esse é realmente o espírito das corridas de montanha”, completa Kemissa. “A prova foi muito boa porque teve de tudo: trechos em cidade, praia e montanhas. Espero poder voltar nos próximos anos”, completa o corredor que escolheu a Indomit Costa Esmeralda como local para comemorar sua lua de mel.
Na disputa das mulheres, Cissa Ramos melhorou em quase uma hora seu tempo de 2015 e garantiu o título com 5h35m19s. A segunda colocada foi Maria Beatriz Freira (5h47m30s) e a terceira Luciane de Medeiros da Silva (5h49m20s).
“Achei a prova mais desafiadora, mais com meu estilo. Foi uma mudança bastante positiva. Eu queria vencer essa prova, então me foquei bastante e na hora deu tudo certo”, comenta a empresária.
Nos 21 quilômetros, Ana Gorini da Veiga resolveu participar da prova na última hora, não teve muito tempo para treinar, mas garantiu o primeiro lugar com 2h02m. A segunda colocação ficou com Luisa Vargas (2h15m26s) e a terceira com Mariana Saraiva (2h22m).
“Eu me senti muito bem e aproveitava as subidas de trilha e descidas de asfalto para correr mais rápido”.
No masculino, mais um empate: Marlon Alexandre Gruleton e Tiago Jensen concluíram a prova em 1h52m45. “Somos da mesma equipe e desde o começo tínhamos como objetivo fazer toda a prova juntos para garantir mais uma vitória ao time”, relata Tiago.
Nos 12 km masculino, a primeira colocação ficou com Maz Moreira da Silva Junior (56m57s), seguido por Geovani Ribeiro da Silva (58m51s) e Jefferson Lucas de Oliveira (58m53s). No feminino, quem levou a melhor foi Bruna Santos (1h18m18s), com Angelica Jensen em segundo (1h21m10s) e Carla Andrea Serra (1h26m18s).

Já na distância de 5km, a vitória ficou com Everton Rafael da Silva (19m01s) seguido por Felipe Costa da Silva (19m23s) e Max Moreira da Silva Jr (20m50s). No feminino, Karina Rochelli da Silva foi a mais rápida com 29m26s, seguida por Riana Leal (30m30s) e Carolina Pinheiro (30m40s).
A última pessoa a cruzar a linha de chegada foi a argentina Carla Gavagnin, com o tempo de 21h59m24s, ou seja, 36 segundos antes do tempo limite.
“Demorei a chegar, pois estava ocupada. Vim correndo e recolhendo as fitas de sinalização”, brinca a representante de Córdoba. A prova foi dura, mas gostei bastante. Foi minha estreia nos 100 quilômetros”.
Durante a cerimônia de premiação, Juarez Plassmann foi homenageado com o troféu Indomit de honra ao mérito. Aos 70 anos, ele fez sua estreia nos 100 quilômetros e completou a prova com o tempo de 21h23m40s.
“Esse foi o grande desafio da minha vida, obrigado a todos vocês, de coração”, agradece o paranaense após ser aplaudido de pé pelos outros participantes.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."