Ele verga mas não quebra. Após anunciar que a Arrowhead 135 de 2019 seria a última ultramaratona de sua vitoriosa carreira, Marcio Villar mudou de ideia e vai voltar para disputar a prova em 2020.
Seu objetivo é dobrar os 217km de uma das ultramaratonas mais difíceis do mundo. Ele quer acrescentar mais essa façanha de 434km ao seu currículo. Pois a Arrowhead 135 é a única prova da Copa do Mundo de Ambientes Extremos que lhe falta.
“Acho que seria injusto comigo se não me desse essa nova chance”, revela Marcio Villar. “Tirando os desafios filantrópicos, a Arrowhead 135 será minha única prova em 2020. Até lá, estarei totalmente dedicado a dobrar essa prova”.
Na madrugada de terça-feira (29/1), após ter corrido mais de 100km em 20h25m, Marcio Villar teve que abandonar a prova. Era sua quarta tentativa de fazer os 434km da Arrowhead, por foi vencido pelo frio extremo.
“Depois de dormir e repensar muito sobre tudo que aconteceu nesta Arrowhead 135, pela primeira vez não fiquei triste em abandonar uma prova”, afirma Marcio Villar, direto do hotel Internacional Falls, cidade mais fria dos Estados Unidos, na fronteira com o Canadá..
“Fiz tudo certo. Treinei bastante, testei as roupas e os equipamentos. Sabia o que usar em cada temperatura. A alimentação estava perfeita, não mudaria nada, mas, por causa dessa temperatura tão baixa, não tinha o que fazer. Só tenho que agradecer por estar vivo, sem nenhuma sequela. Vi que não é impossível dobrar essa prova”, diz ele.
“Quero tentar novamente em uma temporada com até 40 negativos, como sempre foi. Se já falaram que isso acontece a cada geração, acho que não vai acontecer novamente no ano que vem, né?”
A única ultramaratona que falta dobrar
A Arrowhead 135 está atravessada na garganta de Marcio Villar. Ela é a única prova que falta para ele dobrar na Copa do Mundo de Ambientes Extremos, composta por três das mais difíceis provas do mundo.
Ele já fez a Brazil 135, na Serra da Mantiqueira, onde triplicou, com 651km. Assim como a Badwater 135, no Vale da Morte, na Califórnia, com temperaturas acima dos 50º, onde que ele dobrou, com recorde.
Após a decisão de disputar a Arrowhead 135 de 2020, Marcio Villar vai deixar todo o equipamento que usou este ano com dois amigos americanos.
“O Mike e o Bill vão guardar meu trenó e todo o resto do material que usei este ano. Isso é uma grande ajuda”. diz Marcio Villar.
Nada vai mudar na preparação da ultramaratona de 2020
Sobre sua preparação para o ano que vem, o ultramaratonista diz que será exatamente igual a que fez para este ano.
“A preparação vai ser a mesma. Não tenho o que mudar, foi muito bem planejando e, se não fosse essa temperatura atípica, tudo daria certo. Mas São Pedro que mandou essa nevasca”, afirma Marcio Villar, recordista mundial de corrida em esteira, com 827,16km em uma esteira por sete dias, e do Caminho de Santiago de Compostela, com 820km em 6 dias, 11 horas e 2 minutos.
Seu lado solidário será um dos motores de sua preparação para 2020. Suas ações filantrópicas estarão presentes este ano.
“Correr por uma causa solidária é emocionante. Fazer filantropia é algo que me inspira e me motiva muito”, conta Marcio Villar.
“Já consegui 32 transplantes de coração para crianças, não conheço ninguém no mundo que tenha feito isso. São mais de 180 mil pacotes de leite em pó para o Hospital do Câncer”, conta o embaixador do Projeto Juquinha, no Pará, que cuida de 180 crianças especiais.
Ele também cuida, há seis anos, de um asilo em Jacarepaguá. Recentemente, estou correndo também pelo projeto Médico Sem Fronteiras.
Frio extremo tira Marcio Villar da aterradora ultra Arrowhead 135
Marcio Villar quer fazer história na Copa do Mundo de Ambientes Extremos
Ultramaratonista Marcio Villar é o novo recordista mundial de corrida em esteira, com 827,16km
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”