VITÓRIA – Mordido com o terceiro lugar em 2018, o queniano Geofry Kipchumba não deu chances aos adversários e venceu, de ponta a ponta, neste domingo (29/9), a Dez Milhas Garoto 2019. Com um pace médio de 3m/km, o jovem de 19 anos fechou os 16,3km em 48m18s – quase dois minutos mais rápido que em sua estreia no ano passado, quando marcou 50m15s -, superou o compatriota Nicholas Keter, com 48m24s, na 30ª edição da prova. Em terceiro lugar ficou o brasileiro Giovani dos Santos, com 49m28s, seguido pelo tanzaniano Marco Joseph Marco, com 50m40s, e pelo brasileiro Gilmar Lopes, com 50m53s. No ano passado, o campeão, Wellington Bezerra da Silva, fechou o percurso em 48m55s.
A disputa entre brasileiros e africanos em uma das corridas de rua mais tradicionais do país, disputada entre as cidades de Vitória e Vila Velha, no Espirito Santo, no masculino está com 19 vitórias para o Brasil e 11 para África, que teve seu primeiro campeão em 1998. No feminino, são 18 conquistas brasileiras e 12 de africanas, que venceram, pela primeira vez, em 2008. A Dez Milhas Garoto 2019 teve a participação de 14 mil corredores, sendo 4.500 de fora do estado.
– Estou muito feliz com a vitória, ainda mais que melhorei em relação ao ano passado, quando fui terceiro. Fiz uma corrida estratégica e procurei liderar o tempo todo – afirmou Geofry Kipchumba, que chegou ao Brasil há três semanas e faturou R$ 10 mil pela vitória na Dez Milhas Garoto. – Abri vantagem no final da Terceira Ponte (pouco antes da metade da prova) e administrei até fim.
Giovani dos Santos também ficou satisfeito com o resultado.
– Os quenianos abriram logo na largada e esperei para ver se eles iriam sentir algum desgaste. Como eles seguiram forte, procurei fazer minha prova. Estou muito contente com o terceiro lugar. Ano passado tive várias lesões, mas este ano estou muito bem e agora vou pensar na Corrida de São Silvestre – disse ele, que venceu a Maratona do Rio, em junho passado.
No feminino, a estreante Viola Chemos, de 27 anos, de Uganda, ficou com o lugar mais alto do pódio da Dez Milhas Garoto 2019, com o tempo de 59m39s. A brasileira Joziane da Silva Cardoso bem que tentou encerrar um jejum de 12 anos sem vitória brasileira, mas terminou a 18 segundo da campeã (59m57s).
– Cheguei ao Brasil há duas semanas e estou gostando muito daqui – disse a tímida Chemos, vice-campeã da Meia Maratona do Rio deste ano. – Hoje fiz o melhor tempo da minha carreira nesta distância. Estou muito satisfeita com este resultado.
A pequena diferença que separou Joziane do título na Dez Milhas Garoto 2019, impedindo de repetir Edinalva Laureno da Silva, última brasileira a vencer, em 2007, frustrou a corredora paranaense.
– Quase deu para vencer. Estive junto com a Viola até o Km 12. Ela abriu e eu acompanhei. Achei que daria para passar, mas ela manteve o ritmo. Perto do final, decidi garantir o segundo lugar e ser a melhor brasileira, repetindo meu resultado de 2017 – conta Joziane.
O terceiro e o quarto lugar foram brasileiros, com Rejane Ester Bispo da Silva, com 1h00m13s, e Kleidiane Barbosa Jardim, com 1h00m16s, respectivamente. A quinta colocada foi Ayelu Deme, da Etiópia, com 1h00m17s.
- Inscrições abertas para a Corrida de São Silvestre
- Maratona do Rio 2020 terá o mesmo percurso de 2019
- Leia o Corrida Informa também no portal Lance
Resultados
Masculino: 1. Geofry Kipchumba (Quênia), em 48m18s; 2. Nicholas Keter (Quênia), em 48m24s; 3. Giovani dos Santos (Brasil), em 49m28s; 4. Marco Joseph Marco (Tanzânia), em 50m40s; e 5. Gilmar Silvestre Lopes (Brasil), em 50m53s.
Feminino: 1. Viola Chemos (Uganda), em 59m39s; 2. Joziane da Silva Cardoso (Brasil ), em 59m57s; 3. Rejane Ester Bispo da Silva (Brasil), em 1h00m13s; 4. Kleidiane Barbosa Jardim (Brasil), em 1h00m16s; e 5. Ayelu Deme (Etiópia), em 1h00m17s.
Campeões das Dez Milhas Garoto
- 1989 – Delmir Alves dos Santos (RJ), 50m28s/ Nerci Freitas Costa (RJ), 1h04m19s;
- 1990 – Severino J. da Silva (SP), 46m42s/ Sônia Márcia Rodrigues (MG), 56m42s;
- 1991 – Luís Antônio dos Santos (RJ), 45m49s/ Silvana Pereira (SC), 53m06s;
- 1992 – Delmir Alves dos Santos (RJ), 50m95s/ Viviany Anderson (MG), 1h0m48s;
- 1993 – Luís Antônio dos Santos (RJ), 47m45s/ Silvana Pereira (SC), 56m48s;
- 1994 – Tomix Alves da Costa (MG) – 48m25s/ Silvana Pereira (SC), 57m35s;
- 1995 – Adalberto B. Garcia (SP), 47m21s/ Viviany Anderson (MG), 56m24s;
- 1996 – Delmir Alves dos Santos (SP), 48m04s/ Maria de Lourdes da Silva (BA), 56m18s;
- 1997 – Ronaldo da Costa (MG), 47m21s/ Risoneide Wanderley (SP), 56m43s;
- 1998 – John M. Gwako (Quênia), 47m19s/ Márcia Narloch (RJ), 55m41s;
- 1999 – John M. Gwako (Quênia), 47m23s/ Viviany Anderson Oliveira (MG), 55m41s;
- 2000 – Joseph Waweru (Quênia), 47m24s/ Márcia Narloch (RJ), 55m52s;
- 2002 – Marilson Gomes dos Santos (DF), 47m41s/ Márcia Narloch (RJ), 55m10s;
- 2003 – Valdenor Pereira dos Santos (PI), 48m58s/ Márcia Narloch (RJ), 56m01s;
- 2004 – Marilson Gomes dos Santos (DF), 47m53s/ Márcia Narloch (RJ), 56m25s;
- 2005 – Franck Caldeira (MG), 48m23s/ Márcia Narloch (RJ), 56m20s;
- 2006 – Marilson Gomes dos Santos (DF),47m39s/ Lucélia Peres (MG), 55m23s;
- 2007 – Clodoaldo G da Silva (DF), 48m44s/ Edinalva Laureano da Silva (PB), 55m49s;
- 2008 – Willian Gomes (MG), 48m39s/ Nancy Jepkosgei Kipron (Quênia), 56m24s;
- 2009 – Franck Caldeira (MG), 47m58s/ Meseret Heilu (Etiópia), 56m05s;
- 2010 – Marilson Gomes dos Santos (RJ), 47m45s/ Eunice Kirwa (Quênia), 55m11s;
- 2011 – Kimutai Kiplimo (Quênia), 48m05s/ Eunice Jepkirui Kirwa (Quênia), 55m43s;
- 2012 – Joseph Aperumoi (Quênia), 47m01s/ Rumokol Chepkanan (Quênia), 54m13s;
- 2013 – Edwin Kipsang Rotich (Quênia), 47m00s/ Nancy Kipron(Quênia), 55m16s;
- 2014 – Leul Gerbresilase Aleme (Etiópia), 47m18s/ Delvine Meringor (Quênia), 57m08s;
- 2015 – Edwin Kipsang Rotich (Quênia), 47m42s/Delvine Meringor (Quênia), 54m50s;
- 2016 – Joseph Aperumoi (Quênia), 47m29s/Consolata Cherotich (Quênia), 59m49s;
- 2017 – Belete Tola (Etiópia), 48m14s/Esther Kakuri (Quênia), 57m40s; e
- 2018 – Wellington Bezerra da Silva (Brasil), 48m55s/Esther Kakuri (Quênia), 57m18s.
Festa da garotada
No sábado, na Orla da Praia de Itaparica, em Vila Velha, a Corrida Garotada, a maior prova infanto-juvenil do país, comemorou sua maioridade. Cerca de 1.800 crianças e jovens, de 6 a 17 anos, divididas em quatro categorias, cada uma adequada às faixas etárias dos participantes.
A Corrida Garotada é uma porta de entrada da nova geração do Espírito Santo e de outros estados no esporte. Um exemplo é Édipo Flausino, campeão da primeira edição da Corrida Garotada, em 2002. A prova, que tinha 3km e não era dividida em categorias, largava na Prainha e chegava em frente à fábrica da Garoto.
– Tinha 14 anos na época e sonhava ser jogador de futebol. O meu professor da escolinha nos chamou e, como queria conhecer a capital, vim participar – conta Édipo, que nasceu e mora em Cachoeiro de Itapemirim. – Mas depois que venci a prova, resolvi me dedicar ao atletismo. Me formei em educação física e, em 2014, criei a Édipo Running. Ou seja, a Corrida Garotada transformou a minha vida – acrescenta ele, que correu as Dez Milhas Garoto deste domingo em 1h01m e levou mais de 100 alunos para a prova.
Como o professor de Édipo, outros fazem com que a corrida faça parte da vida de seus alunos. Um dos exemplos atuais é o projeto da cidade de Venda Nova do Imigrante, distante 200km da capital capixaba. Com 800 crianças, entre 7 e 17 anos, atendidas em diferentes modalidades, sendo 250 no atletismo, o trabalho proporciona inclusão e a possibilidade de participar de grandes eventos como a Corrida Garotada. Depois de cinco pódios em 2018, o grupo teve 70 crianças participando este ano.
Um dos destaques da equipe foi Gabriela Barbosa, que venceu na categoria 8-9 anos. Além da medalha, ela ganhou uma bicicleta.
– Adoro esporte, em especial a corrida. Espero me tornar um corredora e ainda quero ser boa na escola – disse ela, que está no 4º ano do ensino fundamental.
Mais informações no site www.dezmilhasgaroto.com.br
* Iúri Totti viajou a convite da Nestlé
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”