No último domingo (10/11), o campeão da maratona das Olimpíadas de Atenas, em 2004, voltou ao palco que lhe garantiu sua maior conquista na carreira. O italiano Stefano Baldini participou da 37ª edição da Maratona de Atenas e fechou o lendário percurso entre a cidade de Maratona e Atenas, em 2h57m07s, terminando na 99ª colocação. Há 15 anos, aos 33 anos, Baldini cruzou a linha de chegada no Estádio Panatenaico em 2h10m55s. Em segundo lugar ficou o americano Meb Keflezighi, com 2h11m29s, e, em terceiro, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, com 2h12m11s, que liderava a prova até o Km 36, quando foi atacado por um fanático religioso.
– A emoção de cruzar a linha de chegada é a mesma de há 15 anos. Já estive em Atenas muitas vezes desde 2004, mas essa é a primeira vez que participo da maratona – diz o campeão olímpico, de 48 anos.
Italiano só queria curtir o percurso da Maratona de Atenas
Dono de dois títulos da maratona europeia, em 1998 e 2006, e de dois bronzes no Campeonato Mundial, Baldini diz que a mente continua a mesma de seu auge como atleta, mas o corpo não. Ele se mantém ativo fisicamente, mas não com o mesmo volume do passado.
– Eu corro não mais de 30km nos treinos. Para essa prova, eu estava focado na segunda parte, não para marcar tempo, mas para aproveitar o percurso, o mesmo das duas maratonas sediadas em Atenas, em 1896 e 2004 – afirmou o italiano, também lembou que a maratona surgiu após Fidípides ir de Maratona até Antenas para avisar da vitória grega sobre os persas, em 490 antes de Cristo. – Curti principalmente os últimos 10km, que em 2004 foram absolutamente maravilhosos para mim.
A conquista do queniano Eluid Kipchoge, que no mês passado correu a distância de uma maratona em 1h59m40s, em Viena, impressionou Baldini. O italiano acredita que será possível baixar das 2 horas numa maratona tradicional.
– Atualmente existe apenas um homem capaz de poder correr abaixo de 2 horas. É justamente o Eliud – afirma o campeão olímpico. – Ele pode fazer isso porque terminou o desafio em Viena com muito poder, muita energia. Eu sei que uma coisa é correr em Londres ou Berlim, Roterdã ou Dubai. Mas acho que ele entendeu em Viena que tudo é possível. Quebrar as duas horas nessas condições está no mesmo nível de um recorde mundial em Berlim. Ele possivelmente quebrou a barreira mental e, com isso, ele pode tentar correr uma maratona abaixo das 2 horas. Eu não sei quando será, porque no próximo ano serão as Olimpíadas e ele já tem 35 anos. Mas ele hoje é o único, para mim, que pode quebrar essa barreira.
Prova bate recorde de participantes
Apesar da crise econômica na Grécia, a Maratona de Atenas, a Autêntica (como é chamada pelos organizadores) teve cerca de 60 mil corredores, um recorde de participantes. Uma das novidades deste ano foi a mudança da prova de 10km para o Centro de Atenas, para a noite de sábado. Isso levou Kostas Panagopoulos, presidente da Federação de Atletismo, em considerar outras ambições para 2020.
– A corrida de 10km é o primeiro passo para outras novidades. Agora é importante desenvolver a infraestrutura do início da maratona – disse o dirigente. – As coisas estão melhorando gradualmente para nós
financeiramente e isso pode permitir que a Maratona de Atenas cresça ainda mais, e, consequentemente, as nossas outras corridas, especialmente a meia maratona.
A vitória na Maratona de Atenas foi do queniano John Kipkorir Komen, em 2h16m34s. Em segundo lugar ficou o ruandês Félicien Muhitira, com 2h16m43s, seguido pelo grego Konstantinos Gkelaouzos, com 2h19m02s. No feminino, o pódio foi grego. A campeã foi Eleftheria Petroulaki, com 2h45m50s, seguido por Asimakopoulou Aikaterini, com 3h02m31s, e por Vlachaki Panagiota, com 3h04m27s.
Cento e dez brasileiros participaram da prova. O melhor deles foi Marco Cruz, com 3h14m19s, terminando na 394ª posição. A melhor brasileira foi Adriana Buratto, com 3h41m48s, ficando na 112ª entre as mulheres.
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. “Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer.”