Eliud Kipchoge faz história em Berlim

Eliud Kipchoge coroou a 45ª edição da Maratona de Berlim com um fantástico recorde mundial em 2h01m39s, em sua terceira vitória na capital alemã. Essa era a única grande marca que esse queniano, de 33 anos, não tinha em seu currículo, pois, desde 2014, ele venceu todas as nove maratonas que disputou – Chicago, em 2014, Roterdã, em 2014, Londres, em 2015 e 2016, Berlim, em 2015, 2017 e 2018, e Olimpíadas do Rio, em 2016. Neste domingo (16/9), ele superou a marca do compatriota Dennis Kimetto, que há quatro anos, também em Berlim, fez de 2h02m57s, uma diferença de 1m18s. É o maior avanço no recorde mundial em maratonas masculinas nos últimos 50 anos, quando o australiano Derek Clayton, que completou em 2h09m36s a Maratona de Fukuoka, no Japão, em 1967, sendo o primeiro maratonista a correr a distância em menos de 2h10mo Clayton reduziu em 2m30m o recorde que pertencia ao lendário etíope Abebe Bikila, com  2h12m12s, na Maratona de Tóquio, em 1964, tornando-se o primeiro africano recordista mundial.
Na sua batalha para ser tricampeão em Berlim, neste domingo, Kipchoge não teve adversários. Ele liderou a maratona desde o início, conforme planejado, e nunca foi ameaçado. Este foi o 11º recorde mundial batido na Maratona de Berlim, que este ano homenageou o brasileiro Ronaldo da Costa pela quebra do recorde em 1998, com  2h06m05s, melhor marca de um maratonista sul-americano até hoje.

Campeão tentou baixar marca das 2 horas em evento patrocinado

Kipchoge está numa batalha para ser o primeiro atleta a correr uma maratona abaixo de 2 horas. Em maio do ano passado, ele marcou 2h00m25s no evento Breaking2, patrocinado por uma empresa esportiva no autódromo de Monza, na Itália, marca que não foi reconhecida pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) por não cumprir as exigências de uma prova chancelada pela entidade.
Kipchoge cercado por coelhos na Maratona de Berlim
Mas nem só de Kipchoge foi feita a Maratona de Berlim deste ano. O Quênia dominou as três primeiras colocações. Amos Kipruto, que completou 26 anos neste domingo, ficou em segundo lugar, com 2h06m23s, seguido elo ex-recordista mundial Wilson Kipsang, com 2h06m48s, pelo japonês Shogo Nakamura, com 2h08m16s, e pelo erítreo Zersenay Tadese, com 2h08m46s. Dois brasileiros terminaram na 11ª e 12ª posições. Wellington Bezerra da Silva marcou 2h13m43s e Vagner da Silva Noronha, 2h14m57s, respectivamente.

Queniana vence no feminino

O Quênia também fez história na prova feminina. Gladys Cherono quebrou o recorde do percurso em 2h18m11s, um recorde pessoal e o tempo mais rápido entre as mulheres no mundo este ano. Cherono também se tornou tricampeã em Berlim (2015, 2017 e 2018) e entrou para a lista das quatro melhores marcas de todos os tempos no feminino. Pela primeira vez na história da maratona, três mulheres correram abaixo de 2h19m: Ruti Aga, da Eritreia, terminou em segundo lugar com 2h18m34s e sua compatriota Tirunesh Dibaba ficou em terceiro lugar, com 2h18m55s. Em quarto a queniana Edna Kiplagat, com 2h21m18s e, em quinto, a japonesa Mizuki Matsuda, com 2h22m23s.
Os tempos combinados das vitórias de Kipchoge e Cherono na 45ª edição da Maratona de Berlim tornaram a prova a mais rápida de todos os tempos. A soma das duas marcas quenianos foi de 4h21m08s, superando a Maratona de Londres,  que também teve Kpichoge como campeão e e a compatriota Vivian Cheruiyot, com o resultado combinado de 4h22m48s, em abril deste ano.
Outro recorde da prova: mais de 44 mil corredores corredores de 133 países largaram no Portão de Brandemburgo e 40.775 cruzaram a linha de chegada também no Portão de Brandemburgo

Recorde no número de participantes

Outro recorde da Maratona de Berlim foi no número de participantes, com 44.389 corredores, de 133 países, e no número de concluintes, com 40.775.
O triunfo de Eliud Kipchoge em Berlim determinou quem é o melhor corredor de maratona da história. O queniano estava no primeiro pelotão desde o começo e seus únicos companheiros eram três coelhos e não seus adversários diretos.
Mesmo os corredores destacados para ditar o ritmo de Kipchoge mostravam que estavam fazendo força e o tricampeão não. Ele completou a primeira parte da Maratona de Berlim em 1h06m, tendo ao seu lado somente os coelhos, como Josephat Boit, que foi até o Km 25 quilômetros, deixando Kipchoge correr sozinho os 17km restantes, um forte contraste com a forma que outros recordistas  mundiais venceram em Berlim.
A alegria do melhor maratonista da história
Notavelmente, este excelente maratonista aumentou o ritmo assim que o último coelho parou, completando a segunda metade em uma corrida negativa, com 1h00m33s, o que representa um segundo abaixo do recorde alemão da meia maratona
“O meu objetivo era bater o recorde mundial e estava confiante antes da prova. Minha primeira vitória aqui foi com 2h04m, depois 2h03m e agora 2h01m, quem sabe o que o futuro trará”, afirmou Eliud Kipchoge, que perdeu o recorde mundial em Berlim em 2015 e no ano passado por falta de sorte e não por condições físicas. Na primeira tentativa, há três anos, ele teve problemas com as palmilhas, que saíram de seu tênis durante a prova, e, em 2017, as fortes chuvas dificultaram sua corrida. No entanto, ele venceu ambas as corridas, então completou um hat-trick com este último triunfo. “Definitivamente, vou voltar a Berlim. Berlim para mim é eterna”.
Wilson Kipsang, terceiro colocado este ano e recordista mundial em 2013, com 2h03m23s, também em Berlim, na única derrota de Kpichoge em 12 maratonas disputadas, elogiou muito o compatriota:

“O que Eliud conseguiu é incrível”. disse Kipsang, que não estava em um bom dia. “Eu estava em boa forma, mas o ritmo imposto hoje foi muito rápido. Eu acredito que ainda posso correr para 2h04m ou 2h05m.”
A queniana Gladys Cherono, tricampeã da Maratona de Berlim
Na prova feminina, a etíope Tirunesh Dibaba não largou tão rápida quanto se esperava. Formou-se um grande grupo de líderes, com ela, as etíopes Ruti Aga, Helen Tola e as quenianas Gladys Cherono e Edna Kiplagat. Dibaba, apesar de ser a mais favorita, pois tinha o melhor tempo do ano, com 2h17m56s, parecia ter problemas em encontrar sua garrafa de água nas estações de hidratação. Mais tarde, ela teve câimbras. Depois de chegar à metade em 1h09m03s, com uma vantagem de sete segundos, ela foi ultrapassada pouco antes dos 25km por Cherono e depois por Aga. “Estou decepcionada, achei que ia correr mais rápido do que isso”, explicou Dibaba.
Todas as três, Cherono, Aga e Dibaba, mantiveram um ritmo sem precedentes em qualquer corrida feminina antes de Berlim. Elas mantiveram isso até o final, quando o trio correu abaixo das 2h19m pela primeira vez na capital alemã. “Quando ataquei e ultrapassei Tirunesh, senti confiança de que venceria”, disse Gladys Cherono, que quebrou o recorde do percurso, estabelecido há 13 anos, quando a japonesa Mizuki Noguchi, campeã olímpica em Atenas-2004, marcou 2h19m12s, em 2005.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."

6 Comentários

  1. Iuri… preciso falar com você para sugerir uma pauta…. A falta de medalhas na maratona de Buenos Aires… Quase 30 dias apos a prova e não temos previsao de recebe-las…

  2. Iuri… preciso falar com você para sugerir uma pauta…. A falta de medalhas na maratona de Buenos Aires… Quase 30 dias apos a prova e não temos previsao de recebe-las…

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