Espaço do Atleta: a experiência de José Roberto Siffert em correr sua segunda Maratona de Nova York

Nova York: Sempre uma luta que premia seus guerreiros com muitas emoções. Pela segunda vez na vida tive a honra de correr aquela que é tida como a maior maratona do mundo. 

A cidade para e aplaude a cada desafiante que se atreve a dar volta na cidade passando pelos 5 boroughs (Staten Island, Brooklin, Queens, Bronx e Manhattan).
É uma maratona dura com muitas subidas e descidas nas várias pontes, mas também nas sinuosas ruas da cidade… As piores são a Queensboro Bridge (km 24 ao 26), a subida da primeira avenida (km 27 ao 29) e a descida da 5ª Avenida que margeia o Central Park (km 37 ao 39).

A organização é tida como uma das melhores do mundo, mas dessa vez houve uma falha grave. Houve algum problema logístico no transporte dos corredores até a largada, incluindo atrasos dos Ferries que ligam Manhattan a Staten Island e nos ônibus do terminal em Staten Island que levam até a largada.
Eu entrei no ferry de 6h45m e só cheguei na largada por volta das 9h. Só não perdi a minha onda, que era a primeira, porque fizemos um verdadeiro motim no ônibus forçando o motorista a abrir porta em meio ao engarrafamento. Mesmo assim tive que correr ao menos 1 km até o meu curral de largada para entrar a tempo. Cheguei 2 minutos antes. Minha esposa, que saiu mais tarde do hotel, mas no horário sugerido pela organização, perdeu a onda 3 e teve que largar na onda 4, a última. Grande prejuízo que impacta bastante o planejamento nutricional e da prova.
A temperatura estava boa e até quente, considerando o normal da prova, em torno de 13 graus Celsius. Dia lindo, de céu azul, multidão mais que animada com suas milhares de placas com frases engraçadas em múltiplas línguas e criancinhas animadas para dar “high five” nas ruas. Cenário perfeito para deixar ainda mais empolgado o felizardo por estar entre os mais de 60.000 corredores da prova. 
Larguei e fui até o km 23 mantendo 4m45s/km. As pontes começaram e meu pace subiu oscilando muito. Nesse ano, decidi adotar a estratégia de diminuir nas subidas e acelerar nas descidas, aposta diferente da adotada em 2013, quando tentei manter um ritmo constante fazendo força nas subidas e descansando nas decidas. Minha sensação é que a segunda estratégia funciona melhor….
A meta era fazer sub-3h30m. Deu certo e na ponta do lápis. Administrei as subidas finais e cravei 3h29m26s. Fui 10 minutos mais lento que em 2013, mas absolutamente satisfeito, pois treinei mal, sofrendo duas lesões nos últimos meses.
No fim foi só festa. Depois, de banho tomado, saí com a medalha, curtindo os múltiplos elogios dos nova-iorquinos, absolutamente apaixonados pelo esporte. Essa é mesmo a mais emotiva das maratonas e, provavelmente, uma das mais empolgantes do mundo. 
O dia seguinte é para gravar a medalha e ver o seu nome estampado no “New York Times”, com o resultado oficial dos corredores!”
José Roberto Siffert

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."

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