Espaço do atleta: a Maratona do Rio por Erich Cavaleiro

Maratonistas na altura da Reserva. Foto de Thiago Diz/Divulgação

A vaselina sólida fez a diferença pra correr longa distância, não precisei usar os R$ 50 (ufa), não precisei usar o papel higiênico (ufa²), a roupa extra e o chinelo caem como uma luva pós prova, o desodorante teve gosto de banho, o filtro solar evitou marcas tradicionais de corredor, não esqueci de carregar o gps mas mesmo assim ele deu tilt na prova, a rapadura e a batata cozida desceram que foi uma delícia.

Carteirinha de maratonista renovada pelo terceiro ano seguido e desta vez com aproximadamente 30 minutos abaixo da primeira. Preciso esperar o tempo oficial sair pra falar com maior precisão.

Eu escutei muitas vezes meu nome sendo gritado. Gostaria que vocês que me gritaram um dia pudessem percorrer 42km pra entender tamanha diferença que isso faz pra gente. Muitas pessoas consegui enxergar quando me gritaram e confesso que muitos não reconheci. Isso me deixa ainda mais feliz, pois me mostra o carinho de um simples conhecido, às vezes até mesmo virtualmente. Aqueles que não olhei no rosto quando me gritaram é porque a gente corre num estado de alfa que só ouve e mal vê.
Cada rostinho conhecido que reconheci, toda criançada que deu a mão pra fazer o hi-5 é muito motivador. Obrigado aos conhecidos e desconhecidos que acrescentaram mais páginas na história desta prova.
No quilômetro 17, um rapaz perguntou meu tempo total de prova e qual pace eu estava. Dalí em diante seguimos juntos de forma tranquila, um acordo mudo. Eu não sentia a presença dele e o procurava. Ele passava pela água e pegava uma a mais pra mim. Parceria de corrida que surge do nada. Max era o nome dele e fazia sua primeira maratona. Fomos uns 13 quilômetros juntos, um apoiando o outro.
No quilômetro 28, meu garmin deu bateria fraca, desligou, ligou, desligou (5x) até que depois permaneceu ligado mas sem estar calculando. Tentei apertar o start e voltou a marcar, mas nisso eu perdi 1,5km de registro no relógio. Como eu estava correndo sem me basear em suas informações, acabei acelerando e me descolei do “broder” Max na altura de Ipanema.
Corri todo percurso sem dor, sem sofrimento. Corri com prazer, até porque é isso que a corrida tem que proporcionar, na minha opinião.
Eu não treino, eu corro! (Já falei isso, né?)
Existe uma grande diferença nisto. Não tenho treinador, nem sigo planilha. Eu simplesmente saio e corro!
Meu desejo era terminar a prova abaixo de 4 horas e chegando inteiro. Atingi meu objetivo fechando em 3 horas e 40 minutos. Na primeira maratona eu fiz 4 horas e 09 minutos. Uma quebra de recorde pessoal muito boa pra mim!
No final eu ainda tive o privilégio de receber o incentivo de um chapa de São Paulo Felippe Fidelis, que me acompanhou nos metros finais, colocando um ritmo de pace 4m12s, e também tive o privilégio de acessar a tenda VIP da organização da prova graças ao Eu Atleta. Lá recebi massagem e comi na bike do Lanai Hawaiian Food, que não conhecia e achei mara (tava doido pra usar esse trocadilho)!
Aos meu amigos de pista e trocas de caracteres diários no grupo ‪#‎OsLenda‬ parabéns pelas conquistas de cada um e obrigado por me aturarem e estarem sempre me colocando pra cima, desejando o meu melhor.
Vamos com tudo que semana que vem tem 21k de trail na XTerra de Paraty.”
Erich Cavaleiro
 

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."