Espaço do atleta: relato de Carolina Belo no II Desafio 50K da Chapada do Araripe-CE

“A corrida é algo incrível mesmo. A partir dela, a gente conhece pessoas e essas pessoas nos apresentam a corridas interessantes. Foi isso que aconteceu recentemente. Conhecemos a Martha Cazzetta na Indomit Bombinhas do ano passado no transfer aeroporto-Bombinhas.
Ficamos amigos e ela nos convidou para participar de uma corrida que estava em sua segunda edição: o Desafio 50K da Chapada do Araripe, que foi realizado em Barbalha, no Ceará.
Carolina Belo (à esquerda), Martha Cazzetta e Otávio Porto no Desafio 50 K da Chapada do Araripe. Arquivo pessoal
Como adoro unir corridas e viagens, seria uma excelente oportunidade para isso. Afinal, seria bem legal conhecer a Chapada do Araripe. Inscrições feitas, passagens para Juazeiro do Norte compradas (o aeroporto mais próximo de Barbalha) e hotel oficial da prova reservado. Estava tudo pronto. Errado! Ainda era preciso treinar, he he he he. Já havia feito oito maratonas, mas confesso que andei meio cansada de longas distâncias por conta do excesso de tempo que precisava dedicar aos treinos. No entanto, como já estava tudo organizado, não iria desistir de fazer a prova. Foram cinco meses de preparação até o grande dia: 26 de março de 2016.
Então, eu, Otávio (meu noivo), Jacqueline e Luiz (nossos treinadores) partimos para Barbalha. Chegamos dois dias antes da prova, porque ainda queria visitar alguns pontos turísticos nas redondezas. Lógico que não é muito indicado fazer turismo antes de uma prova longa, mas depois não iríamos ter chance. Então, lá fomos nós conhecer o Santuário de Padre Cícero na Colina do Horto e o Balneário do Caldas (a única estância termo-mineral do Ceará). Essas experiências estão no blog que mantenho (www.viajarcorrendo.com.br), caso queiram saber mais.
Na véspera da prova, pegamos o kit no hotel oficial do evento. O kit era composto por dois
números (peito e costas), uma ecobag e brindes dos patrocinadores (suco, biscoito e cappuccino), além de uma cachaça fabricada na região. No mesmo local, assistimos ao  congresso técnico onde foram fornecidas informações relevantes sobre a prova, tendo,
inclusive uma palestra sobre o Geoparque Araripe. Achei excelente essa palestra, pois nos deu uma noção de como essa região foi formada e o motivo de suas características tão peculiares. Após o congresso, houve um jantar, mas que não foi de massas!
A largada da prova ocorreu pontualmente às 5h15m. Um pouco antes (entre 4h e 4h30m) havia chovido, mas durante a prova isso não aconteceu (ufa!). O percurso começou com uma subida de 800 metros até entrarmos na Floresta Nacional (FLONA) do Araripe. Corremos por 13Km na FLONA até chegarmos a uma descida com pedras escorregadias. Lá fomos nós nesse calçamento por uns dois quilômetros até chegarmos ao asfalto. Aí vieram as descidas e foi algo bom.
Passamos pela transição no Km 25 (esqueci de avisar que também havia a possibilidade de participar em dupla do Desafio), continuamos no asfalto até a entrada da cidade de Barbalha, onde corremos por pedras novamente. Depois de alguns quilômetros pela cidade, entramos em uma estrada de barro e fomos assim por um bom tempo. Em algum lugar desse trecho eu, Otávio e Jacqueline nos separamos. Fui intercalando caminhada com corrida, apreciando a paisagem e buscando sempre algum corredor pelo caminho. Não, eu não estava competindo. Eu estava com medo mesmo de ficar sozinha naquela estrada.
Apareceram umas subidas insanas por volta do Km 38. Acho que foram uns 4 quilômetros assim. Reencontrei Jacque no caminho e fizemos os últimos quilômetros juntas. Depois do “subidão” vieram algumas “subidinhas” e algumas “descidinhas”. Os postos de hidratação estavam bem abastecidos, exceto o do Km 41. No entanto, encontramos uma pick up pelo caminho (entre o Km 41 e o 45) que estava subindo para levar a água. Eles pararam e nos ofereceram água e Coca-Cola.
Faltando 3,5Km para acabar, chegamos ao asfalto. Um trecho de 2,5Km de subida íngreme no cantinho da pista. Acho que só disso eu reclamaria, pois os carros passavam em alta velocidade. Último quilômetro realizado em descida e, pronto, com 7h45m concluímos a prova (o limite era de 8 horas).

A medalha foi a coisa mais linda, bem artesanal e típica (de couro). Já está guardada junto a  outras especiais. No vídeo da chegada, eu disse: “não quero mais isso para a minha vida”. Bom, acho que posso editar essa parte porque já estou com saudades e com um gostinho de “quero mais”.

Termino esse relato agradecendo aos organizadores, Karina e Vítor, pelo cuidado e carinho no planejamento para que tudo saísse perfeito. Além disso, parabéns a todos os staffs, pois foram extremamente atenciosos nas nossas necessidades durante toda a prova.  E, claro, aos fotógrafos Renato Neves, Jardel Matos e DjRicardo, que fizeram fotos MARAVILHOSAS dos corredores e das paisagens. Obrigada também a Martha por ter nos contado sobre essa prova. Super indico essa experiência a todos que gostam de desafios e buscam novos locais para correr.
Um super beijo”
Carolina Belo

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."