"Não me arrependo de perder o recorde mundial", afirma Eliud Kipchoge, campeão da Maratona de Londres

Campeão em 2015, o queniano Eliud Kipchoge, de 31 anos, conquistou hoje o bicampeonato da Maratona de Londres, com o tempo de 2h03m05s, ficando a oito segundos da melhor marca nos 42km, que pertence ao também queniano Dennis Kimetto, com 2h02m57s, obtida na Maratona de Berlim, em 2014. Com o tempo deste domingo, Kipchoge superou o recorde da prova, que era de outro queniano, Wilson Kipsang, com 2h04m29s, em 2014.
Eu estou feliz com a prova hoje. E não me arrependo de perder o recorde mundial. Eu acredito que o recorde mundial próximo – afirmou o bicampeão após a maratona. – Eu percebi que estava correndo na marca do recorde mundial durante os 30 quilômetros, mas entre o 30º e o 40º quilômetro eu perdi uns 20 segundos.

Kipchoge sempre esteve no pelotão de frente da prova até assumir a ponta no Km 40. Sua vitória ganha mais importância por causa do forte pelotão de elite. Alguns dos melhores maratonistas da atualidade estavam na disputa. Girmay Ghebreslassie, da Eritréia, campeão da prova no último Mundial de Atletismo, foi o quarto colocado, com o tempo de 2h07m46s. Kimetto, atual recordista mundial, ficou em 9º lugar, com 2h11m44s. O também queniano Wilson Kipsang, que tinha a marca mundial até ser superado por Kimetto, foi o quinto colocado, com 2h07m52s.

O etíope Kenenisa Bekele, atual recordista mundial das provas de 5.000 e 10.000 metros, com quatro medalhas olímpicas, sendo três de ouro, icou em terceiro lugar, com o tempo de 2h06m36s. O segundo colocado foi o queniano Stanley Biwott, campeão nas Maratonas de Paris e Nova York, com 2h03m51s.
– O público de Londres foi fantástico. Me empurrou bastante – conta o bicampeão.

Após a largada, um grupo de nove dos maratonistas se formou atrás dos dois “coelhos” – corredores que ditam o ritmo para a elite – os queniano Gideon Kipketer Cosme e Lagat. Depois da primeira milha (1,6km) em 4m30s, o pelotão tem Kipchoge, Stanley Biwott e Wilson Kipsang, seguido por Bekele e Ghirmay Ghebreslassie. Em um terceiro bloco estavam três etíopes, Tilahun Regassa, Abera Kuma e Sisay Lema, e Kimetto, do Quênia.

Os líderes passaram pelos primeiros 10km em 28m37s, dentro ritmo recorde mundial. No Km 15, com 43m17s, o pelotão estava formado por Kipchoge, Bekele, Kipsang, Kimetto, Ghebreslassie, Kuma, Regassa e Biwott. Ao passarem pela Tower Brigde, no Km 20, com 58m10s, Kipchoge estava na liderança.

Depois do pelotão passar pelos 21km, em 1h01m24s,  Kipsang caiu ao tentar pegar sua garrafa de hidratação. Ele se levantou e voltou ao grupo, mas o incidente prejudicou sua corrida. Neste momento o grupo de frente tinha seis corredores – Kipchoge, Kipsang, Biwott, Bekeke, Ghebreslassie e Regassa.
Mais alguns quilômetros e o pelotão de elite perde Ghebreslassie e Regassa. No Km 25, Kipsang diminui o ritmo. Na briga pelo título estavam  Kipchoge,  Biwott e Bekele. Os dois quenianos, trabalhando em equipe, aumentaram a velocidade para quebrar Bekele. E conseguiram no Km 28, quando já tinha 1h24m12s de prova.
Os dois quenianos passaram pelo Km 30 com 1h27m13s, em ritmo de um novo recorde. Quando se aproximaram da marca de 32km, Biwott e Kipchoge ainda estavam correndo em ritmo recorde mundial, lado a lado. No Km 35, com 1h42m07s, o ritmo da dupla tinha diminuindo um pouco, mas ainda dentro de um recorde mundial.

No Km 40, Kipchoge assumiu a liderança, passando com 1h56m49s. Após a prova o bicampeão, que venceu seis das sete maratonas que já disputou:
– Ali eu estava a 20 segundos do recorde mundial. Tentei aumentar o ritmo, mas não foi possível.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."

1 Comentário

  1. Iuri – vendo as fotos fico pensando o que falta para o público ir as ruas como em Londres torcer pelos corredores? Em SP é só na largada e na chegada – e alguns poucos incentivadores pelos caminho – como nossa amiga Yara Achôa e suas balinhas milagrosas no 40km . No Rio ainda tem mais gente torcendo bastante na orla. Como será que é nas outras cidades??

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