No retorno de Márcio Villar, lágrimas ao fim de 100km na areia durante o Rei e Rainha do Mar no último fim de semana no Rio

Foram dez meses de angústias, incertezas e medo. Diagnosticado com arterite temporal juvenil em maio do ano passado e, por causa dos efeitos colaterais do remédio para a doença autoimune,  ter passado por uma cirurgia na cabeça do fêmur direito, em dezembro, Márcio Villar retornou às provas no último domingo (12/3) para correr 100km na primeira etapa do Rei e Rainha do Mar, entre o Leblon e Arpoador.
“Antes de começar a correr, senti um friozinho na barriga. Bateu um medo de sentir dor no local dá prótese e ter que parar. Estou muito feliz. Passou um filme pela minha cabeça de tudo que sofri por causa dessa doença. Me lembrei das pessoas que falaram que eu já tinha feito muito, que não precisava fazer mais nada. Mas eu respondia que não era um museu para viver de passado, que eu iria correr novamente porque amo fazer isso”, conta Villar, que não sentiu nenhum incomodo na prótese, apenas dores musculares, comuns após mais de 12 voltas entre o Leblon e o Arpoador.

Além de uma necessidade pessoal, Villar queria voltar a correr para que os projetos sociais que apoia se mantenham ativos.
“Nestes meses em que fiquei parado, mas fazendo muita fisioterapia, planejando o meu retorno, minha maior preocupação era com os meus projetos sociais. Pensava: ‘se eu parar, como ficam o IncaVoluntário (do Instituto Nacional do Câncer), o Lar Pedro Richard (que atende idosos, em Jacarepaguá), o Juquinha (de crianças especiais em Paragominas, no Pará), o Pró Criança Cardíaca?’.  Da mesma maneira que esses pensamentos vinham, eles iam embora pela certeza que eu voltaria a correr como sempre corri, por amor”, afirma o ultramaratonista, primeiro atleta do mundo a cruzar a linha de chegada de todas as provas do “BAD135 World Cup”, o principal circuito de ultramaratonas do mundo.

Conforme o corpo ia “esquentando” e os quilômetros passando, Villar, que completa 50 anos no próximo dia 28, ia tendo certeza que estava no caminho certo, que a fase de incerteza tinha acabado. E, após cruzar sua linha de chegada chorando, de ter garantido mais dois transplantes de um total de 26, todos financiados pela Effects Sports, organizadora do Rei e Rainha do Mar, o ultramaratonista tem a convicção que seu grande desafio de 2017 seria possível.

“Quero ser o novo recordista do Caminho de Santiago de Compostela. É um sonho que venho alimentando há tempos mas que vou realizar este ano, no segundo semestre, como forma de comemorar a superação desta doença”, afirma Villar, recordista mundial de corrida em esteira (827km durante sete dias), em julho de 2015.
Para fechar esse seu novo projeto, Villar precisa de apoio financeiro.
“Vou para a Espanha bater esse recorde do Caminho de Santiago de Compostela. É simples… rsrsrrs. O que eu fiz em 7 dias na esteira, terei que fazer em 6, subindo e descendo por várias cidades, com uma média 130km por dia. Mas para isso preciso fechar cotas de patrocínio. Das cinco cotas de R$ 10 mil, já fechei duas. Se alguma empresa desejar colocar sua marca na minha camisa, no meu site, facebook e instagran de um recordista mundial, que vai tentar bater outro recorde, pode entrar em contato comigo pelo telefone  (21) 99815-9117”.

COMPARTILHE
Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."