Após amputar o pé direito por causa de um câncer raro, há seis meses, americana se prepara para correr prova de 5km nos Estados Unidos

A americana Jenn Andrews se prepara para correr uma prova de 5km após ter seu pé direito amputado, há seis meses, por causa de um câncer raro
A americana Jenn Andrews se prepara para correr uma prova de 5km após ter seu pé direito amputado, há seis meses, por causa de um câncer raro

Runner´s World e People.
Em 2013, Jenn Andrews estava em um salão de beleza quando foi avisada pela pedicure da existência de um pequeno nódulo, do tamanho de uma ervilha, no alto de seu pé de direito. Grávida de sua filha Hanna, a americana, da cidade de Charlote, na Carolina do Norte, procurou seus médicos, que a tranquilizaram, pois naquele momento não era para se preocupar. No ano seguinte, o caroço cresceu , ficando do tamanho de uma bola de golfe. Novamente grávida, agora de seu filho Ari, Jenn fez uma cirurgia para remover o que um cirurgião e um dermatologista acreditavam ser apenas um cisto benigno.
Jenn Andrews após a cirurgia para a amputação de seu pé direito
Em janeiro deste ano, o caroço ressurgiu e o médico oncologista Joshua Patt, do Levine Cancer Center, diagnosticou um sarcoma mixóide de baixo grau, forma rara de câncer que surge nos ossos e nos tecidos conjuntivos, como gordura e músculo, de crescimento lento, com potencial de se espalhar e ser fatal. Diferentemente da primeira vez, agora houve um crescimento de uma camada que se espalhou em uma área maior na parte superior do pé. Segundo Jenn, seu caso é um dos 44 já detectados, sendo que um deles é de uma tia de Patt, que amputou uma das pernas.


Ela achava que a cirurgia ou algum outro tipo de tratamento seria suficiente para curá-la, mas o que seu médico disse a deixou sem palavras.
“Ele disse: ‘Se você não quiser se preocupar com isso de novo, precisa amputar o pé direito'”, contou Jenn. “Eu não ouvi nada depois disso.”
Foi a última coisa que ela esperava ouvir. Treinadora, ela tinha um estilo de vida ativo,  correndo e fazendo as aulas de dança em barra e remo indoor. Embora difícil, a escolha foi pela amputação.
“Meu médico redirecionou meu foco. Ele disse ‘Você tem dois filhos, de 2 e 5 anos de idade. Se você quer estar em eles e com seu marido Milles, concentre-se nisso e não no seu pé ”, contou ela. “Isso me fez perceber que meu pé não é minha vida. Vai ser uma droga, mas posso aprender a andar e correr de novo. Eu vou ficar bem e eu quero ser aquela pessoas para quem meu médico vai enviar pacientes quando eles estiverem nessa mesma nessa situação e precisam de alguém para conversar”.
Jenn Andrews experimenta sua prótese
Antes de sua cirurgia, em março, ela fez um live no Facebook contando sua história e incentivando as pessoas a se tornarem ativas naquele dia para ela. Mal sabia ela que, quando acordasse, o vídeo alcançaria 86 mil visualizações e começaria a hashtag #MoveForJenn.
Essa foi uma grande fonte de positividade durante os primeiros dias do pós-operatório até agora. Ela recebeu mensagens de apoio de todo o mundo. Pacientes em situação semelhante procuraram seus conselhos. Este universo com a qual Jenn se deparou a ajudou a se recuperar. E ela estabeleceu dois objetivos de recuperação antes do final deste ano. A primeira foi andar sem ajuda de muletas em seu 34º aniversário, em maio. Ela realizou isso. mas não foi fácil.  Nas primeiras quatro semanas após a cirurgia, Jenn não conseguiu andar. Meses depois, houve outros momentos difíceis.
“Nas minhas primeiras semana, eu estava de muletas em uma mercearia. Eu errei o meio-fio e caí dura”, disse Jenn. “Foi embaraçoso, humilhante, e eu fiquei tipo, ‘Isso é uma droga’. Mas uma queda é uma queda, você se levanta e continua.”
A família de Jenn Andrews
Qual era seu segundo objetivo? Correr 5km. Antes de sua cirurgia, ela costumava participar de corridas de 8km. Agora, pode ser difícil até andar esta distância, mas Jen está determinada a terminar a corrida, já que acabou de receber, esta semana, sua prótese e está se ajustando lentamente a ela.
“Eu tenho muito trabalho a fazer, mas não há como esses 5km não estarem acontecendo na minha cabeça”, disse Jenn. “Estou trabalhando com um fisioterapeuta para voltar a correr.”
Jenn está criando sua própria fundação: a Move For Jenn, que irá arrecadar fundos para famílias que lidam com casos de sarcoma.
“Não poder correr com meu filho, me mata. Assim como não passear com o cachorro ou correr. Todos devem ter a chance de fazer isso”, disse ela. “Queremos ajudar as pessoas a se livrar do câncer e também planejamos oferecer dinheiro para próteses que muitas vezes não são cobertas pelo seguro”.

Jenn vai correr na Isabella Santos Foundation 5K, em Charlotte, no dia 29 de setembro, que também arrecada dinheiro para pesquisas sobre o câncer. Um acordo foi feito para quem se inscrever para a equipe de Andrews, doará seu dinheiro para a Fundação Move For Jenn.
Com cerca de um mês e meio pela frente, Jenn sabe que tem muito trabalho para fazer, mas está determinada a continuar.
“Eu não estou querendo uma maratona agora. Só estou pensando em correr os 5km e tudo vai dar certo. Já estou planejando um 10km para o próximo ano”, disse Jenn. “Minha história não acabou e eu não vou parar nos 5km.”

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."