Ederson Pereira: da decepção para o ouro nos 10.000m do Pan de Lima

Ederson Vilela Pereira comemora a vitória nos 10.000m do Pan de Lima. Foto de Wagner Carmo/CBAt/Divulgação
Ederson Vilela Pereira comemora a vitória nos 10.000m do Pan de Lima. Foto de Wagner Carmo/CBAt/Divulgação

Da decepção à glória. Essa foi a trajetória de Ederson Vilela Pereira entre a última terça-feira e ontem nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Se na prova de 5.000m, sua especialidade, o brasileiro foi o sétimo colocado, na final dos 10.000m, ele superou os americanos nos últimos mil metros e ficou com o ouro. O brasileiro completou as 25 voltas na pista de atletismo do Estádio de La Videna em 28m27s47, melhor marca da carreira. Os Estados Unidos ficaram com a prata e o bronze. Reid Buchanan ficou em segundo lugar e também conseguiu seu recorde pessoal, com 28m28s41, e Lawi Lalang, com 28m31s75, em terceiro.

Ederson Vilela Pereira com a medalha de ouro dos 10.000m do Pan de Lima. Foto de Wagner Carmo/CBAt/Divulgação
Ederson Vilela Pereira com a medalha de ouro dos 10.000m do Pan de Lima. Foto de Wagner Carmo/CBAt/Divulgação

Em uma prova difícil, dominada na maior parte do tempo pelo queniano naturalizado americano Lawi Lalang, o brasileiro assumiu a liderança dos 10.000m nos últimos mil metros. A partir dali, Ederson, que sempre esteve no pelotão da frente, imprimiu um ritmo mais forte para poder se desgarrar. O americano Reid ainda tentou acompanhar o campeão, mas não conseguiu.

– Fiz uma corrida tática. Sabia da força dos meus adversários, mas corri concentrado – afirmou o campeão, de 29 anos, nascido em Caçapava (SP), que em 2018 ficou oito meses sem competir por causa de uma fratura por estresse e uma lesão no tendão de Aquiles.

Mudança de estratégia

Especialista dos 5.000m, Ederson ficou em sétimo lugar nesta prova na última terça-feira (6/8), com 13m58s72. Para não cometer os mesmos erros, ele mudou sua estratégia para os 10.000m.

– Eu estava me sentindo bem desde a prova dos 5.000m, mas naquele dia usei a estratégia errada, pois tinha corredores de 1.500m, que eram mais rápidos do que eu. Isso foi um aprendizado para mim. Três dias depois, eu pude consertar – avaliou o brasileiro. – Já nos 10.000m, faltando três voltas, não deixei para o final e comecei a desgarrar. Só vi que iria conseguir a vitória faltando uns 80 metros, quando olhei para o telão e vi que o americano não me pegaria mais.

Segundo o técnico Cláudio Castilho, Ederson já está no processo de migração para a maratona visando às Olimpíadas de Tóquio-2020:

– Ele deve correr uma maratona, provavelmente em outubro, na Europa. O objetivo é conseguir o índice olímpico.

Pelos critérios da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), os índice para maratona dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 são de 2h11m30s para os homens e de 2h29m30s para as mulheres. Até agora, somente Daniel Chaves tem tempo qualificado. Ele marcou 2h11m10s na última Maratona de Londres, em abril, quando ficou na 15ª colocação, e hoje lidera o ranking da distância da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). A confirmação da vaga será após a janela de qualificação, que termina em 29 de junho de 2020. A maratona masculina nas Olimpíadas está marcada para o dia 9 de agosto e a feminina, no dia 2.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."