Mirlene Picin é maior medalhista brasileira em sul-americanos

Mirlene Picin com as medalhas conqusitadas no Sul-Americano de Biathlon, na Argentina
Mirlene Picin com as medalhas conqusitadas no Sul-Americano de Biathlon, na Argentina

Com as três medalhas de bronze obtidas no Campeonato Sul-Americano de Biathlon, no Centro de Ski Nórdico de Cerro Otto, em Bariloche, na Argentina, de 27 a 30 de agosto, a paulista Mirlene Picin se tornou a brasileira com maior número de medalhas, entre homens e mulheres, de esportes olímpicos, tanto de inverno quanto de verão. Agora, ela tem 32.

Após esses resultados, Mirlene tem agora 32 medalhas em competições sul-americanas, superando a nadadora Piedade Coutinho da natação, com 30 medalhas. Essas medalhas foram conquistadas entre 2009 a 2019 em eventos que reúnem o ski e o tiro, e 5 medalhas, em provas de ski cross country. Mas todas em competições válidas como campeonatos sulamericanos (ou continentais) dessas duas modalidades olímpicas de inverno praticadas pela atleta.

Mirlene Picin na fase de corrida do biatlhon
Mirlene Picin na fase de corrida do biatlhon

Mirlene disputou três provas no Sul-Americano de Biathlon: Sprint, de 7,5km com duas paradas de tiro; Pursuit, de 10km com quatro paradas de tiro; e Mass Start, com 12,5km e quatro paradas de tiro.

Na primeira etapa realizada no início do mês de agosto, em Rio Blanco, no Chile, Mirlene já havia conquistado três medalhas de prata em três provas disputadas. Na ocasião, as competições foram realizadas na versão de verão, ou cross biathlon com corrida, pois não havia neve na estação de ski de Portillo. Isso é um fato raríssimo e uma condição climática adversa para um mês de agosto.

O biathlon é uma modalidade olímpica de inverno que une ski cross country mais tiro com rifle 22. Os eventos da América do Sul também são válidos como Campeonato Militar Internacional CISMM de tropas de montanha. As provas variam entre 10km e 20km para os homens e 7,5km e 15km para as mulheres e apresentam os formatos Sprint, Individual, Perseguição, Mass Start e os Revezamentos por sexo e mistos.

As disputas no masculino fazem parte do quadro olímpico de inverno desde os Jogos de Squaw Valley, na Califórnia, Estados Unidos, em 1960. Já as mulheres começaram a competir a partir de 1992, nos Jogos de Albertiville, na França. Na atualidade, o biathlon é uma sensação no inverno europeu.

Piedade Coutinho, lenda da natação

Até as últimas conquistas de Mirlene, a maior medalhista brasileira em sul-americanos era a nadadora Piedade Coutinho, com 30 medalhas, que faleceu em 1997, aos 77 anos. Durante 68 anos, ela era dona do melhor resultado da história da natação feminina brasileira em piscina em Jogos Olímpicos. Piedade ficou em quinto lugar nos Jogos de Berlim, em 1936, nos 400m livre. Em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, o feito de Piedade foi igualado por Joanna Maranhão, que terminou na mesma posição nos 400m livre. Piedade disputou as Olimpíadas de 1936, 1948 e 1952. Poderia ter ido a cinco Jogos, mas por causa da Segunda Guerra Mundial, o megaeventos foi cancelado. Com 24 medalhas, Joanna Maranhão é a terceira colocada em conquistas sul-americanas.

Mirlene Picin durante a fase de tiro do biatlhon
Mirlene Picin durante a fase de tiro do biatlhon

Apesar das três medalhas de prata na primeira etapa Campeonato Sul-Americano de Biathlon, disputado no Chile, Mirlene não contabilizou estas conquistas para o recorde.

– Foram provas com toda a validade oficial, mas como foram na corrida, pela falta da neve, penso que o mais justo não é contabilizar – disse Mirlene.

Onze anos no biatlhon

Mirlene Picin foi a primeira atleta brasileira do sexo feminino a competir no biathlon de inverno. A estreia aconteceu no Sul-Americano de 2008. Também foi a primeira mulher brasileira a competir na Europa nesta modalidade. O primeiro brasileiro a competir nesta modalidade foi Fabrizio Bourguignon, em 2006, no Campeonato Sul-Americano. E na Europa, ele estreiou em 2007.

A primeira medalha brasileira no biathlon entre homens e mulheres também é de Mirlene Picin, com um ouro, conquistado na prova de sprint, no Sul-Americano de 2009. Ela ainda é única brasileira, entre homens e mulheres, campeã sul-americana overall (soma das duas etapas). O título foi conquistado em 2011, com três medalhas de ouro e duas de prata. Mirlene foi vice-campeã over all em 2009, 2010 e 2012.

– A verdade é que atingir essa marca de mais de 30 medalhas é muito gratificante e um resultado realmente expressivo, marcante.  Mas para mim, esse número de medalhas é mais sobre longevidade neste esporte e nessa mesma competição sul-americana, do que qualquer outra coisa. É sobre consistência, pois são 11 anos competindo, com excessão de 2013 e 2018 – afirma Mirlene Picin.

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Sobre Iúri Totti 1379 Artigos
Iúri Totti é jornalista, com mais de 30 anos de experiência na grande imprensa, principalmente na área de esportes. Foi o criador das sessões “Pulso” e “Radicais” no jornal O Globo. Tem 13 maratonas, mais de 50 meias maratonas e dezenas de provas em distâncias menores. "Não me importo em ser rápido. A corrida só precisa fazer sentido, dar prazer."